A crise económica e política grega levou muitos estudantes a optarem por soluções partidárias menos convencionais, admite Iouannis Koulouris, a estagiar na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC), que costumava votar nos partidos "do centro", mas agora, se votasse, "votaria no Syriza", liderado por Alexis Tsipras, por querer "ver se é possível mudar alguma coisa na Grécia".
"Acho que eles [Syriza] vão ganhar, não porque merecem, mas porque as pessoas já não conseguem sofrer mais por causa dos dois grandes partidos [os conservadores Nova Democracia e os sociais democratas Pasok], que antes eram inimigos, mas que de repente se tornaram num só", apontou o jovem de 22 anos, natural da ilha de Corfu.
Para Iouannis, a austeridade imposta no país "é impossível de funcionar" e as pessoas "não aguentam pagar mais impostos", concordando "em parte" com a renegociação da dívida proposta pelo Syriza.
"Neste momento, a Grécia está de rastos", observou Elias Soukiazis, professor na FEUC, considerando que, apesar de nunca ter votado, votaria hoje no Syriza para acabar com a "dinastia das duas famílias políticas que governaram o país".
"Os gregos cansaram-se e querem uma alternativa", tendo esperança de que o partido liderado por Alexis Tsipras "possa resolver a situação trágica em que a Grécia se encontra neste momento", explanou à agência Lusa o professor grego a viver em Portugal há 34 anos.
"A política [de austeridade] falhou e tem de parar. E é isso que Tsipras diz que vai tentar fazer", considerou, deixando, no entanto, algumas reservas em relação ao Syriza, por o próprio partido "apenas dizer coisas genéricas e promessas que custam muito dinheiro".
Dimitrios Anestidis, estudante de Erasmus, mostra-se descrente em relação ao Syriza que considera ser "o novo Pasok" – uma "miscelânea política" da esquerda grega que tenta "criar uma agenda atraente apenas para ganhar as eleições".
"A maioria dos votantes no Syriza votam pelo menos mau", sublinhou, afirmando que o problema económico e político da Grécia baseia-se na sociedade, que teria de reconstruir uma "estrutura ética" que passasse "pela integridade e consistência", o que acredita que nenhum partido grego fará.
Mais a norte, Eleni Damaskou, estudante grega de Relações Internacionais a trabalhar na Universidade do Porto (UP), considera que a Europa é "demasiado preconceituosa" em relação à Grécia devido à "enorme" recessão económica e desemprego.
A ameaça da saída da Grécia da zona euro, que a aluna acredita não ser verdade, é um assunto à qual a população "presta pouca atenção" devido às "grande dificuldades" que atravessa no seu dia-a-dia, frisou.
Apesar de serem de "importância máxima" para o futuro do país, Eleni Damaskou considerou que seja quem for o vencedor das eleições o país só vai voltar ao "caminho certo" daqui a "muitos anos".
"Fico triste em admiti-lo, mas é o que penso", disse.
Segundo Eleni Damskou, os jovens hoje estão "mais interventivos" na vida política do país, "protestam, protestam, protestam" e querem sair da Grécia para ter uma vida diferente.
"Quero sair da Grécia, não para sempre, mas para tentar arranjar um emprego porque lá, para já, os salários são muito baixos", explicou.
As eleições legislativas na Grécia ocorrem a 25 de Janeiro.
Lusa/SOL