Grécia: Syriza atrai milhares no encerramento da campanha eleitoral

Milhares de atenienses responderam no final do dia desta quinta-feira ao apelo do Syriza e do seu líder, Alexis Tsipras, no comício final de campanha na capital da Grécia, a três dias de eleições decisivas.

Grécia: Syriza atrai milhares no encerramento da campanha eleitoral

Após um longo discurso, de quase uma hora, a surpresa veio no fim, quando Tsipras apresentou o líder do novo partido espanhol Podemos, Pablo Iglesias, recebido com fortíssima ovação.

O líder do partido da esquerda alternativa de Espanha foi breve. Num curto discurso em grego, que agradou aos milhares de apoiantes, e com uma palavra de ordem final em língua espanhola, foi aplaudido em uníssono antes de ser entoada a canção dos 'partisans' italianos "Bella Ciao", o hino popular do Syriza.

"Até à vitória, Syriza – Podemos, venceremos" disse Iglesias. E despediu-se abraçado ao seu amigo grego.

A concentração começou na praça Omonia começou pouco antes das 19h locais (17h em Lisboa), a hora prevista para o início do comício, que se iniciou com um atraso de mais de meia hora. Diversas gerações de gregos esperaram e depois escutaram o discurso do mediático líder do partido, que voltou a não poupar o governo de coligação ainda no poder e primeiro-ministro Antonis Samaras,

O jovem líder da esquerda alternativa, 40 anos, recordou o programa económico do Syriza, desejou um novo futuro, num país onde os jovens possa ter trabalho e casa, e disse que se o partido vencer as eleições de domingo tentará contribuir para uma Europa mais democrática.

As críticas ao primeiro-ministro conservador também ocuparam parte considerável do discurso, acusando Samaras de utilizar uma retórica para dividir, e assegurou que pretende "unir a pátria", uma expressão muito pouco usual, até o momento, no seu vocabulário. E nesta "deriva" nacionalista, recorreu ainda a uma frase celebrizada durante a revolução grega de 1921: "Para ter liberdade é preciso ter coragem".

"Será a primeira vez desde o fim da II Guerra Mundial que vamos ter na Grécia um governo de esquerda, um governo do povo", afirma convicto Teodoro, com uma bandeira do Syriza ao alto.

"A política destes governos atingiu de forma violenta a população, com impostos muitos elevados. Só há duas hipóteses, ou morremos ou construímos um futuro mais humano?".

"O povo tem fome!", interrompe Evi. "Pela minha vida, espero que o Syriza ganhe. Temos o nosso orgulho, o povo grego é muito orgulhoso e já não suporta mais".

Nesta zona de Atenas conhecida pela presença de imigrantes, vindos sobretudo do Médio oriente e Ásia, um grupo de paquistaneses exibiam um cartaz em inglês "Um novo começo para a Grécia", e pareciam depositar as suas últimas esperanças no partido anti-austeridade que pode em breve alcançar o poder.

A "Bella Ciao" e o "Derrubar o muro", dos Pink Floyd ecoam nos altifalantes, enquanto dezenas de jornalistas, gregos e estrangeiros, se acomodam num pódio, ou passeiam entre a multidão. Gritam-se palavras de ordem, uma faixa da organização italiana "A outra Europa com Tsipras" é hasteada, gregos e italianos confraternizam, solidários. E voltam a entoar "Bella ciao", o tema que mais agita os participantes.

Das avenidas circundantes começam a chegar manifestações, com a presença de muitos jovens. Há sorrisos, há confiança, há festa. Tsipras tornou-se num fenómeno mediático, e muitos dos presentes, sobretudo gente de meia idade, parecem sugerir que durante longos anos apostaram nos sociais-democratas do Pasok, para finalmente mudarem o seu sentido de voto.

"Um novo começo para a Grécia", sugere outra faixa nas manifestações. As avenidas estão repletas, no ecrã gigante Tsipras prossegue o discurso, escutado com expetativa. Na praça de Omonia, no grande centro de Atenas, perpassou esta noite uma dinâmica de vitória.

Lusa / SOL