Segundo este argumento, alertar publicamente para os riscos de uma reestruturação unilateral da dívida grega é interferir abusivamente nas legislativas de dia 25 e condicionar os pobres e susceptíveis eleitores gregos, que supostamente não conseguem pensar pelas suas cabeças e discernir entre várias opiniões.
Se fossem críticas da esquerda portuguesa ou grega ou outra qualquer a Marine Le Pen e à sua proposta de recuperar a pena de morte, já não seriam pressões sobre o vulnerável e influenciável eleitorado francês, mas sim legítimas preocupações europeias.
E os mesmos que tanto arvoraram a bandeira da liberdade de expressão e da globalização da livre opinião a propósito do Charlie Hebdo, não admitem agora que se pratique essa mesma liberdade de crítica e se confrontem os gregos com as eventuais consequências de incumprirem com os seus compromissos. Quando, ainda por cima, esses alertas vêm dos próprios credores a quem os gregos andaram anos e anos a pedir emprestado.
Não tratem os eleitores gregos como mentecaptos ou cidadãos politicamente menores. Mesmo que o Syriza de Tsipras, como parece provável, vença as eleições de domingo.