Quitério é o pai da crítica gastronómica do meu tempo. Criou um estilo, demasiado seguido pelos outros na truculência do português, mas muito pouco no sentido ético.
Ainda há dias li uma entrevista da promotora de uma marca gourmet, que dizia ter programado o apoio de Quitério, mas desistido dele, ao saber das suas rígidas normas de comportamento (ético).
Nunca percebi que o Expresso lhe retirasse a crónica de vinhos, para a entregar depois a pessoas da produção (enólogos), ou com ela comprometidos. Quitério nunca comentaria uma garrafa de vinho que não comprasse num local normal de consumo. Não usaria presentes para os comentários.
Estava bem longe destes concursos gastronómicos, em que se premeiam produtos, desde o pastel de nata ao bolo rei, mas nunca se vê lá os melhores: por exemplo, os pasteis de nata da Confeitaria Nacional, do Palácio do Estoril ou da Garrett não aparecem, como não aparece o bolo rei da Confeitaria (o único autêntico, o realmente original), nem o da Garrett (que parece ser a melhor imitação).
Até pelo contraste em relação a quem por cá fica a escrever, a minha homenagem a Quitério – de que procuro seguir apenas os ensinamentos éticos. E ainda bem pelo Prémio da Universidade de Coimbra.