Liam Neeson: ‘Gosto de fazer as cenas de luta’

Há seis anos, quando o francês Luc Besson pensou na história de um ex-agente da CIA que vai a Paris à procura da sua filha, não era de todo previsível que o filme viria a tornar-se um êxito. Além disso, Liam Neeson, o protagonista, não parecia talhado para estes papéis – o que, de resto,…

Hoje, apesar dos 62 anos, o actor irlandês diz que está pronto para dar uns murros e para muita acção. Busca Implacável 3 confirma-o como um sexagenário cheio de genica. A conversa animada decorreu em Lon-dres durante o lançamento europeu do filme.

Há dois anos disse-me no lançamento de Busca Implacável 2 que não lhe passava pela cabeça fazer um terceiro filme. O que o fez mudar de ideias?
 

É verdade que o disse. Mas, se quiser colocar as coisas assim, a culpa foi dos guionistas, que continuam a surpreender-me com a sua imaginação. Eles criaram uma boa história para o terceiro filme. Pensei muito e achei que se tivéssemos um grande actor para o papel secundário – o investigador da Polícia de Los Angeles – valeria a pena fazer mais esta sequela. O elenco é bom, mas ter o Forest Whitaker deu logo uma maior credibilidade ao projecto, e por isso nem hesitei.

Mas a fórmula é a mesma! Ir à procura do mau da fita e reclamar vingança…
De facto este tipo de cinema vive muito das cenas de acção, mas sinceramente acho que este argumento tem um pouco mais do que isso. Foi o que me agradou quando comecei a falar com o Luc Besson sobre a possibilidade de dar continuidade ao projecto. Penso que o facto de, em vez de a minha personagem ir ter com os problemas, os problemas irem ter com ele à sua cidade, Los Angeles, dá outra força à acção do filme.

Li há pouco tempo que o surpreende estar a fazer filmes de acção nesta altura da vida e que lhe peçam para desenvolver este tipo de produções. Continua a sentir-se em forma?

Eu divirto-me nestes papéis. Sinceramente. Mas não me está a chamar velho, pois não?

Nada disso, mas há uns anos não imaginava que pudesse enveredar por este género… Interpretou filmes como Michael Collins, A Lista de Schindler.

É verdade, mas eu mantenho-me em boa forma. É sempre um prazer fazer estas personagens com uma interpretação muito física. Grande parte das cenas de acção sou eu que as faço. Gosto de poder desempenhar as minha próprias cenas de luta.

Mas não todas, certo? 

A logística neste tipo de rodagens é complexa. Apesar de ter muitos duplos, eu arrisco e gosto de participar totalmente. Trabalho com os duplos, fazemos muito treino, ensaiamos muito e quando vamos para filmagens estamos já bastante treinados e bem coordenados. Tenho que confessar que mesmo fora das filmagens eu treino bastante.

Os críticos olham para este filme e torcem o nariz. Muitos consideram-no a repetição de uma fórmula muito testada. Sendo um actor com uma carreira já muito longa e com muitos prémios, como reage a uma má crítica?
 

Se quer que lhe diga, não leio as críticas. Temos que ver que este não é um filme para os críticos, é um filme para os fãs deste género de cinema. É bom entretenimento, não é pretensioso nem tenta fazer passar uma imagem que não corresponde ao que os espectadores vão encontrar na sala. O que mais lhe posso dizer? Eu gosto de vários géneros de cinema, e este é um deles. É preciso compreender isso e respeitar também o público.

No lançamento de Busca Implacável 2 disse-me que o êxito do primeiro tinha sido uma surpresa, uma agradável surpresa. Deduzo que, para arriscarem um terceiro em tão pouco tempo, o segundo ainda superou o original.
 

Tivemos realmente uma agradável surpresa porque no lançamento em França o filme foi um sucesso relativo, até discreto. Estávamos em 2009, o mundo estava a mergulhar na crise. O segundo território a lançar o filme foi a Coreia do Sul, e aí foi um fenómeno. Com essa reacção os estúdios prepararam um lançamento forte nos EUA.

Fica uma porta aberta para uma continuação?

Acha?! Não sei. Não arriscaria dizer sim ou não. Vamos ver como resulta este junto do público. Como se diz em Hollywood, vamos ver como te safas… Mas julgo que desta vez acaba mesmo. Repare que o cartaz diz : 'It all ends here' [tudo acaba aqui].

Não tem vontade de voltar a outro género?
'Cinema de acção' é um rótulo que se coloca no filme. Digo-lhe que desde que a história seja interessante e me desperte a curiosidade logo nas primeiras leituras… eu arrisco em qualquer género. Fazer filmes de acção diverte-me na rodagem, e gosto de ver o resultado final, mas é duro fisicamente. Para mim tem sempre que se tratar de uma história com uma componente humana forte a partir da qual surge a acção. É isso que me agrada descobrir quando leio um argumento. Se é drama, acção ou comédia, isso vem depois.