Até 2013, aquela inspecção tinha registado 58 mortes que resultaram de perseguições policiais levadas a cabo pela PSP e pela GNR, sendo que em apenas 19 casos se considerou que o recurso a arma de fogo tinha sido justificado.
“Hoje em dia os polícias têm maior consciência da responsabilidade e dos riscos inerentes ao seu trabalho. E a intervenção é mais coordenada e sensata: ao chegar a um local, se percebe que há armas de fogo envolvidas, antes de mais a patrulha pede reforços em vez de reagir por impulso”, disse ao SOL Paulo Rodrigues, que representa o maior sindicato da PSP, acrescentando que o número de intervenções de risco também tem diminuído. Por outro lado, garante, a formação também foi decisiva: “Houve um investimento na formação e uma evolução clara de quem está todos os dias no terreno”.
O dirigente considera ainda que as declarações, em 2007, do então inspector-geral da Administração Interna, Clemente Lima, também contribuíram para estes resultados. Na altura, numa entrevista ao Expresso, o juiz desembargador criticou a actuação inconsequente de muitos agentes no que respeita ao uso de armas de fogo, nomeadamente quando estão em causa meras infracções de trânsito: “Há por aí muita ‘cowboyada’ de filmes americanos na mentalidade de alguns polícias”. Apesar de polémicas, lembra Paulo Rodrigues, estas afirmações “provocaram uma reflexão séria” na classe que “ajudou” a explicar esta evolução.