Ora, nas presidenciais que se aproximam, as de 2016, corremos pela primeira vez o risco de termos que escolher entre figuras menores. Há muito que parecia estar definido um embate entre os dois mais cotados e qualificados candidatos, e com melhores resultados em todas as sondagens: Marcelo Rebelo de Sousa e António Guterres. Mas as hesitações ou o mero calculismo político de ambos (que remetem o anúncio da decisão para lá do Verão) está a abrir campo às ambições e vaidades de figuras de terceira linha.
O académico Sampaio da Nóvoa veio, no fim de semana, insistir que “não exclui nem inclui uma futura candidatura” a Belém e que está “disposto a tudo” para abrir um “novo ciclo político” no país. E o autarca Rui Rio fez saber, por fonte próxima, que está pronto a avançar se Marcelo e Santana não se candidatarem e que, nesse caso, “o apoio do PSD seria indispensável”.
Sejamos claros. Um cenário de confronto entre António Vitorino e Santana Lopes já seria uma penosa desgraduação política do nível a que devem estar umas presidenciais. Vitorino nunca deu ao país provas de liderança, é muito reputado profissionalmente e hábil na oratória política, mas nunca foi primeiro-ministro ou, sequer, líder partidário. Já Santana, além da sua coragem e intuição políticas, a par de grande desenvoltura na argumentação, tem um cadastro pouco invejável da sua passagem pelo Governo e está sempre rodeado de uma trupe política de susto.
Admitir que, ainda abaixo de Santana e Vitorino, as presidenciais podem vir a ser disputadas por Rio e Nóvoa dá logo vontade de emigrar e fugir do país. Ou, em desespero de causa, de aspirar a um novo consulado filipino: nesse cenário de pesadelo, seria melhor pedir ao nosso simpático vizinho Felipe VI que viesse tomar conta disto.