"Trata-se de uma baleia-bicuda-de-cuvier (Ziphius cavirostris), um animal que só existe normalmente em águas profundas, pelo que é muitíssimo raro acontecerem arrojamentos na costa portuguesa", explicou hoje à Lusa Marisa Ferreira, do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos de Quiaios (CRAM).
O animal, com cerca de cinco metros de comprimento, deu na quinta-feira à costa, na praia de S. Martinho, tendo as autoridades marítimas julgado, inicialmente, "que seria um cachalote, uma vez que nesta altura do ano é normal aparecerem animais mortos", afirmou Lourenço Gorricha, comandante do Porto da Nazaré.
A "necropsia" (autópsia) efectuada hoje de manhã pelos técnicos do CRAM revelou, no entanto, tratar-se de uma baleia que "não existe em profundidades inferiores a mil metros" e cujo surgimento os biólogos admitem poder estar relacionado com a proximidade ao "canhão da Nazaré", onde o mar atinge uma profundidade de cinco quilómetros.
A baleia "não apresentava marcas de redes de pesca" mas, segundo a bióloga, "tinha as costelas fracturadas o que poderá indiciar que tenha batido, eventualmente contra um barco, e que tal possa ter provocado a morte".
Ainda segundo a mesma responsável, "o esqueleto vai ser recolhido, estudado e, será colocado em exposição no futuro", já que se trata de uma raridade a nível nacional e "o primeiro a que tivemos acesso no Centro de Quiaios", concluiu.
Esta é a segunda baleia a arrojar nas praias do Oeste de Portugal este ano, depois de, no dia 26, outro animal, com cerca de quatro metros, ter dado à costa na Praia de Paredes de Vitória, também no concelho de Alcobaça.
Lusa/SOL