"Não vamos mudar tudo porque houve um resultado eleitoral que agrada a uns, e desagrada a outros", declarou Jean-Claude Juncker, que falava em Bruxelas por ocasião de uma reunião conjunta de eurodeputados e deputados aos parlamentos nacionais, na véspera de receber o novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.
Escusando-se a antecipar a reunião de quarta-feira, aguardada com particular expectativa em Bruxelas face à subida ao poder na Grécia de um partido (Syriza, de esquerda) abertamente contra as políticas de austeridade que têm sido seguidas na Europa, Juncker limitou-se a dizer que tem que haver compreensão de parte a parte.
"Evidentemente que temos que ter em conta a expressão democrática e do sufrágio universal do povo grego, que admiro muito pela sua coragem (…) mas também é necessário que aqueles que ganharam as eleições na Grécia tenham em conta as convicções e a forma de actuar dos outros. Existem também outras opiniões públicas, outras opiniões parlamentares", disse o presidente do executivo comunitário, aludindo aos obstáculos que as pretensões do novo governo de Tsipras — designadamente ao nível da renegociação da dívida — podem vir a encontrar junto dos seus parceiros europeus.
Jean-Claude Juncker e Alexis Tsipras vão reunir-se na quarta-feira de manhã, em Bruxelas, para iniciarem discussões que Bruxelas espera "construtivas".
Na segunda-feira, um porta-voz da Comissão observou que "muito foi dito durante o fim-de-semana" – na sequência do encontro de sexta-feira entre o novo ministro das Finanças grego e o presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, findo o qual Ianis Varufakis afirmou que o governo grego não negociava mais com a 'troika' -, mas sublinhou que, "para a Comissão Europeia, o ponto de partida é a declaração do primeiro-ministro Tsipras no sábado".
O líder do novo governo saído das eleições de 25 de Janeiro, ganhas pelo seu partido de esquerda "anti-austeridade" Syriza, afirmou no sábado que está confiante em alcançar, em breve, um acordo que seja igualmente favorável para a Grécia e para a Europa no seu todo, garantindo que esse acordo de forma alguma implica que Atenas não cumpra as suas obrigações de empréstimos para com o BCE ou o FMI.
"É exactamente nesta base que estamos prontos para ouvir os planos concretos do governo grego e termos discussões construtivas sobre os próximos passos, a começar na quarta-feira", declarou hoje o porta-voz da Comissão.
Lusa/SOL