As previsões de inverno do executivo comunitário hoje apresentadas em Bruxelas são mais optimistas que as de outono, divulgadas há três meses, com Bruxelas a prever agora que a economia cresça este ano 1,7% no conjunto da UE e 1,3% na zona euro, "acelerando" no próximo ano para os 2,1% e 1,9%, respectivamente.
O executivo comunitário — que em Novembro projectava crescimentos mais modestos (de 1,5% na UE e 1,1% na zona euro este ano) — assinala que "as perspectivas de crescimento na Europa ainda estão limitadas por um ambiente de investimentos fraco e desemprego elevado" mas sublinha que, desde o outono, vários desenvolvimentos melhoraram as perspectivas a curto prazo.
Segundo Bruxelas, desenvolvimentos nos últimos meses como a queda dos preços do petróleo, a depreciação do euro, a flexibilização quantitativa anunciada pelo Banco Central Europeu e o plano de investimentos anunciado pela Comissão são "factores que devem ter um impacto positivo no crescimento", e que justificam que, pela primeira vez desde o início da crise financeira e económica, seja de esperar já este ano um crescimento das economias de todos os Estados-membros da UE.
A "Comissão Juncker" ressalva, no entanto, que deverão manter-se as divergências a nível dos desempenhos económicos entre os países da UE — o crescimento variará entre os 0,2% na Croácia e os 3,5% na Irlanda -, e adverte que os riscos de uma deterioração da situação económica persistem, tendo mesmo aumentado a incerteza, face a tensões geopolíticas, volatilidade renovada dos mercados financeiros e implementação incompleta de reformas estruturais.
As previsões de inverno de Bruxelas também apontam para um aumento do ritmo da criação de postos de trabalho, mas adverte que o crescimento económico deverá ser ainda assim insuficiente para melhorar significativamente as condições do mercado de trabalho, pelo que a taxa de desemprego continuará a recuar a um ritmo lento em 2015 e 2016, mantendo-se em valores muito acima daqueles verificados antes da crise.
De acordo com as projecções de hoje, a taxa de desemprego deverá recuar este ano para 9,8% na UE e 11,2% na zona euro, baixando em 2016 para os 9,3% no conjunto da União e para os 10,6% nos países da moeda única.
Já ao nível da inflação, deverá continuar a "cair" este ano, atingindo valores muito baixos, de -0,1% na zona euro e 0,2% na UE, antes de subir em 2016 para valores na ordem dos 1,3 e 1,4%, respectivamente, à medida que a actividade económica se vai reforçando e os salários aumentando.
Num primeiro comentário a estas novas previsões, o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, observou que o panorama é hoje um pouco mais optimista relativamente às previsões de outono, com a queda dos preços do petróleo e um euro mais barato a constituírem bálsamos para a economia europeia, mas advertiu que "ainda há muito trabalho duro pela frente" para garantir a criação de postos de trabalho para milhões de europeus actualmente no desemprego.
Segundo Moscovici, o plano de investimento para a Europa anunciado pela "Comissão Juncker" e as importantes decisões recentemente tomadas pelo BCE ajudarão a criar um ambiente mais favorável à consecução de reformas e políticas orçamentais inteligentes.
"A implementação cabe agora aos Estados-membros. E será aí que os nossos resultados serão julgados", disse por seu turno o vice-presidente da Comissão para o euro, Valdis Dombrovskis.
Lusa/SOL