A investigação, baptizada "Swissleaks", revela documentos fornecidos por um informático, Hervé Falciani, ex-trabalhador do HSBC em Genebra, ao governo francês em 2008, que deu início a uma investigação. O jornal francês Le Monde teve acesso a parte da documentação e partilhou-a com aquele consórcio e com jornalistas de mais de 40 países.
Portugal surge em 45.º lugar na lista de países que constam da informação divulgada, com um total de 969 milhões de dólares (855,8 milhões de euros) depositados no HSBC Private Bank, distribuídos por 778 contas bancárias de 611 clientes. Pelo número de clientes, Portugal surge em 33º.
Das 778 contas bancárias, 531 foram abertas entre 1970 e 2006, e dos 611 clientes com ligações a Portugal, 36 por cento tem passaporte português, indicam as informações divulgadas pelo ICIJ.
A informação divulgada refere ainda que a maior quantidade de dinheiro de um cliente do banco ligado a Portugal é de 161,8 milhões de dólares (142,9 milhões de euros), mas a identidade não é revelada.
Os jornalistas analisaram cerca de 60.000 ficheiros, alguns dos quais com informações que denunciam que o banco tinha conhecimento de práticas ilícitas de alguns clientes.
O ICIJ publica informação sobre 61 pessoas, onde não surge qualquer personalidade portuguesa, mas inclui, por exemplo, Mohammed VI, rei de Marrocos, Abdullah II, rei da Jordânia, o designer de moda Valentino, a modelo Elle McPherson, o ator Christian Slater, o banqueiro Edouard Stern e o motociclista Valentino Rossi.
A informação agora divulgada diz respeito a contas no valor de mais de 100.000 milhões de dólares de 106.000 clientes de 203 países.
Suíça (31,2 mil milhões de dólares), Reino Unido (21,7 mil milhões de dólares), Venezuela (14,7 mil milhões de dólares), Estados Unidos (13,3 milhões de dólares) França (12,5 milhões de dólares) são os cinco países de origem das maiores verbas depositadas no ramo suíço do HSBC.
Segundo a investigação, o HSBC Private Bank garantiu repetidamente aos seus clientes que nunca revelaria qualquer detalhe sobre contas bancárias às autoridades fiscais dos respectivos países, mesmo que houvesse indícios de fugas fiscais.
"Os trabalhadores do banco também discutiam com clientes um conjunto de medidas que, em último caso, estes poderiam recorrer para evitar o pagamento de impostos nos seus países", lê-se na documentação divulgada.
Apesar de expor estes documentos, o consórcio de jornalistas ressalva que não pretende "sugerir ou presumir que quaisquer pessoas, empresas ou entidades mencionadas nos dados da informação revelada tenham violado a lei ou tenha tido outro tipo de conduta imprópria".