A carta que a refém americana do Estado Islâmico escreveu à família

No dia em que foi confirmada a morte de Kayla Mueller, refém norte-americana do Estado Islâmico (EI), a família divulgou uma cópia de uma carta que a jovem escreveu durante Primavera de 2014, quando já estava nas mãos do grupo terrorista. 

“A todos, se receberem esta carta, significa que ainda estou sob sequestro mas que os meus companheiros de cela foram libertados. Pedi-lhes para vos contactar + enviar-vos esta carta. É difícil saber o que vos escrever”

Kayla, de 26 anos, refere que estava naquele momento “num local seguro". Dizia-se "ilesa e mais saudável" – "ganhei peso, até”, escrevia – e que estava a ser tratada “com o maior respeito e bondade”.

“Só de pensar em vocês não consigo parar de chorar”, pode ler-se. A jovem dizia ainda que a única dor que sentia durante o encarceramento era a de saber de "todo o sofrimento" pelo qual a família estaria a passar. "Nunca vos vou pedir perdão pois sei que não o mereço”, escreveu.

“No meio da escuridão, descobri a luz e aprendi que até na prisão uma pessoa pode ser livre. Estou grata. Percebi que há bondade em todas as situações, às vezes é só preciso procurar”, disse.

Kayla afirmava ainda ter saudades da família, como se já não a visse "há dez anos". E pedia para os pais não entrarem em diálogo com o grupo terrorista: “NÃO QUERO que as negociações para a minha libertação sejam vosso dever. Se houver outra opção, não hesitem, mesmo que demore mais tempo”.

A americana terminava numa nota positiva, de esperança: “[…] Saibam que tenho estado a lutar da maneira que consigo, tenho ainda muita luta dentro de mim. Não vou desistir, independentemente do tempo que demore”.

A missiva encerra com a jovem a pedir à família para se manter paciente: “Não temam por mim, continuem a rezar e, com a vontade de Deus, havemos de estar juntos em breve”.

Kayla acabou por morrer nos últimos dias. Segundo o EI, devido a um bombardeamento da aviação da Jordânia. De acordo com a coligação internacional anti-terrorista, executada pelos terroristas. A data e as circunstâncias da morte permanecem por isso envoltas em mistério.

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