Cresap: presidente da RTP não mostra ‘sensibilidade social’

A Cresap (Comissão de Recrutamento e Selecção para a Administração Pública) deu parecer favorável aos novos gestores da RTP, mas “com limitações”.

Cresap: presidente da RTP não mostra ‘sensibilidade social’

A “avaliação curricular e de adequação de competências” dos novos membros do Conselho de Administração da RTP pela Cresap decorre da lei e foi pedida pelo ministro da tutela, Miguel Poiares Maduro. No parecer agora divulgado pela Cresap, o perfil de Gonçalo Reis (presidente) é considerado “adequado”, enquanto o de Nuno Artur Silva e Cristina Tomé (vogais, com os pelouros dos conteúdos e finanças, respectivamente) é classificado como “adequado com limitações”. Mesmo a Gonçalo Reis a Cresap não deixa de apontar que não demonstra “a presença de uma forte sensibilidade social” nem “claras competências para obter a colaboração de outros”.

“A personalidade indigitada apresenta um perfil técnico, a par de uma experiência de gestão ao nível da direcção superior muito consistente, revelando conhecimento quer da RTP, onde aliás já foi administrador, quer do sector onde a mesma se insere. O percurso profissional e académico indiciam capacidades ao nível da formulação do planeamento estratégico”, começa por salientar o parecer sobre o novo presidente da RTP. “No entanto, não ficaram muito claras competências em termos de uma capacidade real para obter a colaboração de outros, ou a presença de uma forte sensibilidade social”, conclui-se.

Já Nuno Artur Silva, diz a Cresap, “apresenta um perfil reconhecido no meio audiovisual e televisivo português, com larga experiência de gestão de topo”. “No entanto, foi fundador e tem exercido o cargo de presidente do conselho de administração de uma empresa que detém um canal de televisão, o que por si só coloca problemas de natureza concorrencial que não foram clarificados”, diz a Creasap, referindo-se à relação de Nuno Artur Silva nas Produções Fictícias e no canal Q.

Já Cristina Vaz Tomé “revela experiência na gestão de uma instituição de investigação científica de dimensão relativa, e com capacidade demonstrada para criar e desenvolver serviços nas áreas de gestão de risco e sustentabilidade em particular de empresas cotadas, ainda que num contexto de consultoria, na KPMG, onde trabalhou por diversos anos”. “No entanto, não fica claro o contributo ou a mais-valia específica com que contribuirá para a administração da RTP, num sector de que não revela conhecimento substantivo”, conclui-se.

paula.azevedo@sol.pt