“Não ocorreram, na perspectiva dos inquiridos, alterações relevantes no padrão de consumo de bebidas alcoólicas por parte dos jovens no ano sequente à entrada em vigor das alterações legislativas”, alerta o relatório feito pelo Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD). Isto quer quanto ao tipo de bebidas ingeridas, quer dos chamados consumos nocivos.
Os menores inquiridos continuam a beber bebidas espirituosas apesar de a sua venda ser proibida por lei e até cresceram os problemas associados ao consumo de álcool: há um aumento das situações de sexo desprotegido depois de se beberem bebidas alcoólicas e de coma alcoólico.
A maioria dos jovens diz nem sequer ter percebido que havia novas restrições ao consumo de álcool – nomeadamente que a cerveja e o vinho só são permitidas a partir dos 16 anos e que as bebidas destiladas, como o vodka e os shots, estão proibidas a menores. Aliás, são precisamente “os jovens de 16 anos, os que mais mencionaram um aumento da facilidade de acesso a bebidas alcoólicas, incluindo as espirituosas”, revela o inquérito.
Segundo o relatório, quer quem consome, quer quem vende bebidas alcoólicas reconhecem as dificuldades em aplicar a lei. «Tanto os jovens como os profissionais entrevistados concordam que a lei é difícil de controlar no que diz respeito à venda de bebidas alcoólicas a menores», alerta o estudo. As principais dificuldades estão ligadas às estratégias usadas pelos mais novos contornar a lei, mas também com a questão de não ser fácil perceber pelo aspecto a idade do cliente, tornando difícil perceber se aquele jovem é maior ou menor de idade.
Entre as propostas feitas no estudo está o aumento do controlo e uma fiscalização mais eficaz ao consumo e venda de álcool. O relatório diz mesmo que se deve avançar com a proibição de todo o consumo antes dos 18 anos: “Parece justificar-se a implementação de medidas mais restritivas, nomeadamente no que toca ao acesso a bebidas alcoólicas por parte de menores de idade”.