De resto, João Araújo desdramatizou o facto de os alegados empréstimos de Santos Silva a Sócrates serem sempre em numerário e não por cheque ou transferência bancária, admitindo porém que tal acontecesse por ambos não quererem que se soubesse ou então porque o ex-primeiro-ministro estava em Paris e era preciso pagar despesas em Lisboa.
O advogado voltou a defender que a prisão de Sócrates é ilegal e salientou que está “a ver com grande perplexidade e preocupação o que se está a passar em volta deste processo” – tendo dado como exemplos as notícias das últimas semanas sobre os juízes da Relação de Lisboa que vão decidir os recursos e sobre o presidente, Vaz das Neves, cuja conduta está a ser averiguada no Ministério Público no Supremo Tribunal de Justiça, por causa de conversas telefónicas com um dos arguidos do processo dos vistos gold. Aproveitou ainda para ler extractos de posts colocados por magistrados “num blogue só de juízes e de procuradores da República”, em que se goza com a prisão de Sócrates e que o advogado considera ser a prova de que “alguns juízes perderam a cabeça e andam entretidos a falar desta forma desbragada em vezes de despacharem processos” – mas salientou que não estava a falar do juiz Carlos Alexandre. Ao longo da entrevista, aliás, foi repetindo que confia na Justiça portuguesa.
“As instruções que tenho é de utilizar os meios normais de defesa, enquanto este processo for normal. Se começara verificar entorses no processo, se o processo passar a ser extraordinário, então eu utilizarei meios extraordinários. Todos os meios legais, incluindo o habeas corpus, se for caso disso”, disse João Araújo.
O causídico voltou a reiterar que, se Sócrates quisesse fugir ao processo, “não teria viajado para Lisboa – tinha-se pisgado para outro país…”.
Questionado como se tornou advogado de Sócrates, João Araújo explicou que se conheciam há algum tempo e que já tinha tratado antes de assuntos do ex-primeiro-ministro: “Digamos que eu estava ali à mão”. O advogado explicou que é “amigo” de Sócrates há já algum tempo, mas “uma pequena amizade, não é daqueles amigos a quem eu empreste dinheiro”, ironizou.
“Este caso é relativamente simples, não tem nada de notável”, rematou, negando que este seja o caso judicial mais complexo da sua vida como advogado.