El Corte Inglés cresce em Portugal

Os armazéns El Corte Inglés têm aumentado as vendas em Portugal graças aos consumidores nacionais, mas também devido aos turistas. E este ano deverá confirmar a tendência. 

“O El Corte Inglés prepara-se para fechar mais um exercício de forma positiva e com crescimento relativamente ao anterior”, adianta ao SOL José Manuel Loureiro, director da loja de Lisboa há cerca de um ano, embora não avance dados concretos.

No exercício passado – o ano fiscal do El Corte Inglés vai de 1 de Março a 28 de Fevereiro – as vendas em Portugal totalizaram 398 milhões de euros, mais 7% do que em 2013. Os lucros atingiram 8,3 milhões. A nível global, o volume de negócios da cadeia espanhola ascendeu a 14,2 mil milhões de euros.

O director assegura que o espaço comercial de Lisboa é “um dos mais notáveis de todo o grupo”. Além dos fiéis clientes nacionais, destaca o turismo, que tem crescido exponencialmente na capital, como um “importante motor” do negócio. 

Comunicar em várias línguas 

Tal como noutras capitais europeias, também em Lisboa os asiáticos, os russos, os brasileiros e os viajantes de países africanos de língua portuguesa “são os que mais compram”, detalha José Manuel Loureiro.

“Existem espaços em Lisboa que afirmam na comunicação social que mais de 50% das suas vendas são feitas a turistas. Connosco não é nada que se pareça. Nem gostaríamos que assim fosse, porque isso significaria perder quota de mercado nacional. Mas é certo que este segmento tem-nos permitido manter e aumentar as vendas. E tende a crescer, beneficiando todos os negócios”, sustenta.

Para captar consumidores estrangeiros, o grupo tem uma estratégia própria que “passa por apresentar Lisboa como um destino de compras, capaz de competir com qualquer capital europeia”. E adequa-a a cada mercado em que comunica. 

“A Rússia e a China, por exemplo, são demasiado grandes para tentarmos comunicar com o cliente final, pelo que procuramos negociar com intermediários e promover Lisboa como destino de compras e de lazer. Em países como Moçambique já é possível fazer campanhas dirigidas ao cliente final”, indica o responsável. 

Ainda que não revele qual o investimento dedicado à promoção externa dos armazéns, frisa que “será muito considerável”. Vai privilegiar o canal online, mas também a presença em feiras de turismo internacionais.

Há também publicidade nos aeroportos ou campanhas nos países de origem dos turistas. Além disso, o El Corte Inglés faz parcerias com redes hoteleiras ou operadores. E tem serviços e descontos específicos para turistas: tradutores, devolução do IVA, entrega no hotel ou envio para o estrangeiro.

Loja de Cascais 'em espera'

Além dos Grandes Armazéns em Lisboa e no Porto, o grupo espanhol tem expandido a rede de supermercados Supercor. E não exclui crescer por esta via. “Estamos muito satisfeitos com os supermercados da Beloura, do Restelo e da Expo. Ainda assim não deixamos de estar permanentemente atentos a outras possibilidades”. Em Portugal, o El Corte Inglés tem ainda lojas de bricolage e decoração Bricor, de moda com a marca Sfera, além de agências de viagens e um outlet.

Questionado sobre um projecto em Carcavelos anunciado desde 2005 – que representaria um investimento de 200 milhões de euros, criando 2.000 empregos – , José Manuel Loureiro assegura que “está feito, embora ainda se esteja a trabalhar nos pormenores”.

O projecto é muito contestado por alguns empresários do concelho de Cascais, mas avançará “assim que estiverem reunidas as condições de mercado que permitam um investimento desta dimensão”.

ana.serafim@sol.pt