Cinco vícios estranhos

Há vícios para todos os gostos, descritos em quantidade e em qualidade na literatura médica – álcool e drogas são os mais frequentes, mas, como os gostos não se discutem e, como já dizia um célebre escritor russo, “a alma humana é um abismo”, há vícios que são, digamos… Estranhos. Eis cinco deles, descritos pelo…

1) Mastigar gelo
Esta mania até tem nome científico. Chama-se pagofagia e é uma variante de outro sintoma conhecido como pica, uma afecção rara que consiste em ter apetite por coisas ou substâncias não alimentares (terra, moedas, carvão, cal…). De acordo com alguns estudos, mastigar gelo pode também ser sintoma de carência de ferro (anemia).

2) Beber ambientador
Um vício digno de um episódio de My Strange Addiction, uma daquelas séries que podemos ver quando não há mesmo nada de útil para fazer. E foi mesmo o caso. O site Live Science refere uma mulher chamada Evelyn que apareceu num episódio da estranha série televisiva a confessar o seu amor pelo líquido dos ambientadores. Nunca mais os deixou, desde que, num dia de calor, por acidente, uns borrifos de um ambientador lhe vieram parar ao copo de água por acidente. Acabou por gostar e não dispensa umas gotas no copinho de água até hoje, tendo até um sabor de eleição: ‘linho fresco’.

3) Bronzeamento
É sempre bom ganhar uma ‘corzinha’ no Verão, com as devidas cautelas para nos protegermos da exposição em excesso aos raios solares, claro está. Mas há quem tenha uma verdadeira fixação no bronze, e em qualquer altura do ano. Este vício mereceu até um estudo em 2005: pode dever-se ao facto de o corpo, quando exposto aos raios ultravioletas, produzir substâncias químicas chamadas endorfinas, que nos transmitem sensações agradáveis. Daí que, segundo os autores do estudo, algumas pessoas que se bronzeavam oito a 15 vezes por mês apresentassem sintomas de privação quando não iam à praia e ao solário…

4) Fazer tatuagens
O princípio das endorfinas pode também explicar este vício. Pode ocorrer, dizem os estudiosos, também quando se faz uma tatuagem. Mas há ainda pessoas, segundo o Live Science, que recorrem à tatuagem como expediente para sentir uma dor física em substituição de alguma dor psicológica. Neste caso, há patologia, e as coisas podem comparar-se a actos de substituição como a automutilação. Seja como for, nos EUA, um em cada cinco cidadãos adultos tem pelo menos uma tatuagem. 

5) Viver para a internet
Esta desordem já está descrita como um vício e aceite como tal, e até conta com programas de ‘desintoxicação’, pelo menos nos países ocidentais. Consiste, é claro, no excesso de tempo que se passa em frente ao computador para jogar jogos online, consultas aleatórias ou de pornografia, em prejuízo de outras actividades como o trabalho, o estudo e a vida social. 

ricardo.nabais@sol.pt