A ideia nasceu nos Estados Unidos, no MIT, em 1998, quando o professor Neil Gershenfeld assumiu uma cadeira à qual deu o nome ‘How to do almost anything’ (Como fazer quase tudo). A ideia era, a partir de uma pequena sala – dotada de impressoras 3D, máquinas de corte e gravação, scanner 3D e máquina de corte a laser – conseguir fazer quase tudo. Os seus alunos perguntavam-lhe frequentemente ‘Mas afinal para que servem essas máquinas?’, ao que ele respondia: «Não servem para fazer aquilo que vocês compram nas lojas, mas exactamente o que não conseguem comprar em lado nenhum!». O sucesso entre os alunos foi imediato. Mas na impossibilidade de muitos interessados irem aos EUA frequentar o curso, o professor Gershenfeld criou uma opção de ensino à distância, a que chamou Fab Academy, que continua a leccionar. O objectivo é, a partir de um espaço cheio de todas essas maquinetas, profissionais de várias áreas colaborarem para encontrar soluções criativas para os desafios mais abrangentes. E foi exactamente esse curso que os profissionais do Fab Lab do Fundão frequentaram para pôr de pé o projecto em solo nacional. «O conceito é acelerar o processo de evolução dos projectos de prototipagem, a partilha de conhecimento e o networking», explica João Milheira, engenheiro informático e um dos rostos por trás do Fab Lab do Fundão. Com esse curso no currículo, a sua equipa já está a ajudar na criação de um centro homónimo em Penela. «É esta interajuda, esta partilha que também nos motiva a continuar a fazer o nosso trabalho», conclui o engenheiro informático que lidera o centro, juntamente com um arquitecto, um economista, um designer e um técnico.
Desde que o laboratório foi inaugurado, a 9 de Junho de 2013, já por ali passaram trabalhos das mais variadas áreas, da saúde à música, da arquitectura ao design. «Hoje, por exemplo, vamos fazer um melhoramento de um protótipo de um projecto de música que está a ser criado pelo professor Paulo Dias, nosso parceiro da UBI [Universidade da Beira Interior]. O projecto consiste em criar uma interface de música, táctil, mas apoiada por pressão. Os aparelhos que existem no mercado permitem a tecnologia touch screen mas a pressão não é uma variável de controlo», explica João Milheira. E da música, passamos para a moda. O estilista Carlos Gil, que tem apresentado os seus trabalhos na ModaLisboa, para a última colecção recorreu igualmente a este laboratório para criar peças inovadoras. «Porque o Fab Fab também tem uma aplicação têxtil com muito potencial», realça João Milheira. E da moda passamos para o cinema: «Temos um cineasta do Fundão, o Nelson Fernandes, que ganhou alguns prémios com a sua curta-metragem, Packs of Life, que nos procurou para desenvolvermos o conceito de ‘uma caixa de DVD fora da caixa’». Entretanto essa caixa já ganhou um prémio internacional de design e já está noutro concurso de design internacional na China. Mais habituais são o desenvolvimento de maquetes de arquitectura para alunos universitários.
«Laboratórios de prototipagem já existem no mundo da indústria, só que não estão acessíveis à comunidade e nós prestamos um serviço público que pretende dar resposta low cost a este tipo de necessidades», refere Tony Barreiros, o arquitecto de serviço. Um dos seus objectivos é envolver a comunidade, despertá-la para a área da fabricação digital e dar-lhes a conhecer este mundo. «Temos ainda projectos que vão permitir aos alunos terem uma aula em contexto de Fab Lab e o Fab Lab vai também até às escolas com os nossos equipamentos semiportáteis para mostrar o seu potencial e ensiná-los a fazer modelação 3D, com ferramentas muito acessíveis», conclui Nuno Alves, outro dos elemento deste laboratório ‘fabuloso’.
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