Óscares 2015. ‘A Teoria de Tudo’: Uma biografia com bons clichés

Retratar a vida de uma pessoa pode ser meio caminho andado para o desastre. Por muito fascinante que seja esse alguém, a indústria cinematográfica tem tendência para embelezar certas partes da vida em causa e acrescentar detalhes que nunca existiram, fazendo da obra algo muito mais romântico do que seria suposto e colocando-lhe o rótulo…

‘A Teoria de Tudo’ é de facto uma biografia, mas uma biografia fiel, com o seu q.b. de clichés – quer se queira, quer não, a vida de cada um de nós está repleta de lugares comuns, como as desilusões amorosas, o esforço profissional, a formação de uma família e a luta pela saúde – e cheia de pormenores importantes que retratam a vida de alguém que é um homem e um génio, explorando os dois lados deste ser humano sem tornar o filme aborrecido.

Contar a vida do físico Stephen Hawking é só por si algo fascinante, mas o melhor deste filme é a forma como, baseando-se na obra de Jane Wilde (a primeira mulher de Stephen), o realizador James Marsh segue os acontecimentos de um modo coerente, sem exageros. Mesmo na parte em que surge a hipótese de tornar o filme em algo banal, focado apenas nas relações amorosas e na intriga, Marsh ‘conteve-se’ e atribuiu às situações o seu verdadeiro significado. Lá está – sem exageros.

De realçar a excelente escolha do elenco, com Eddie Redmayne a desempenhar o melhor papel da sua carreira.

Se é um candidato ao Óscar de Melhor Filme? Apesar de vários críticos dizerem que não, a nomeação é mais que justa. Se tem hipótese de vencer? Tendo em conta os restantes nomeados, será difícil conquistar o galardão… 

joana.alves@sol.pt