Redmayne começou a dar nas vistas no teatro, estreando-se no famoso Globe Theater com a peça ‘Noite de Reis’, de William Shakespeare, e chegou ao público internacional com a série televisiva ‘Os Pilares da Terra’ e com o filme ‘Os Miseráveis’. Mas foi com a estreia de ‘A Teoria de Tudo’ que Eddie Redmayne se afirmou enquanto actor, estando agora nomeado para o Óscar de Melhor Actor.
“Redmayne tem uma interpretação brilhante: Uma actuação que capta a curiosidade intelectual, a perseverança e o humor de Hawking. O actor é muito preciso na sua interpretação de Hawking – na contracção e decadência dos músculos, no andar ‘Chaplinesco’ e na forma como coloca o pescoço quando está sentado na cadeira de rodas. Ele nunca cai no erro de recorrer ao mimetismo, daí a interpretação ser tão boa”, escreve Geoffrey Macnab, crítico do jornal britânico Independent.
E a questão é mesmo essa: Eddie Redmayne não se limita a imitar as peculiaridades do físico, mas a dar-lhe uma vida para lá da deficiência e da mente extraordinária – dar-lhe o lado humano que existe por detrás de um génio. E tal só é possível com uma entrega total, com muita dedicação, com estudo e convivência: Para além de ter visitado vários doentes com Esclerose Lateral Amiotrófica, Redmayne encontrou-se várias vezes com Hawking, viu muitas fotografias e filmagens e leu ‘Uma Breve História do Tempo’, a obra mais famosa do crítico.
Veja-se o exemplo da cena em que Hawking, pai de dois rapazes e uma rapariga, tenta subir um lance de escadas com os braços e depara-se o seu filho Robert – na altura com cerca de dois anos – no andar de cima a ver o pai em sofrimento, sem conseguir chegar ao topo. Para além do nível de detalhe que colocada nesta tarefa física, Redmayne assume a postura com que o físico sempre encarou a vida – sem dramatismos, esforçando-se para superar os obstáculos e sem transparecer uma atitude derrotista. Foi dada uma atenção extrema não só à componente física, mas também à postura, à personalidade, ao humor e à interacção de Hawking com os outros.
E, como se costuma dizer, o trabalho compensa: “Eddie Redmayne interpretou-me muito bem no filme ‘A Teoria de Tudo’ (…) Por vezes, achava que ele era eu”, escreveu Stephen Hawking na sua página oficial no Facebook. E se o próprio físico admirou o trabalho do actor, é porque algo está realmente bem feito…
E não é só o próprio Hawking a adorar o papel – Redmayne já venceu um Globo de Ouro de Melhor Actor e um BAFTA para a mesma categoria. Parece que o seu próximo filme, ‘Ascenção de Júpiter’, é um verdadeiro ‘flop’, mas isso não deita por terra o extraordinário trabalho que fez nesta ‘biopic’.
Falhanços à parte, esta é uma interpretação fabulosa. Eddie Redmayne deixou tudo e todos estupefactos com o seu papel. Deixou a teoria de lado e pôs em prática aquilo em que é bom – dar vida a uma personagem a interpretá-la o melhor possível. Foi fiel ao papel, mas foi também capaz de lhe dar uma vida própria.
Apesar da interpretação excepcional de Michael Keaton no filme ‘Birdman’ e de Steven Carrell estar brilhante em ‘Foxcatcher’, este é (e tem mesmo de ser) o ano de Eddie Redmayne. O Óscar de Melhor Actor é mais que merecido.