O Nuno quer medicina, o Diogo quer entrar na Academia Militar, a Beatriz interessa-se pela terapia ocupacional ou fisioterapia e o Leonardo a educação física e desporto.
A história da Família Alves está a apaixonar a Madeira desde que a publicação online ‘Funchal Notícias’ a divulgou no último domingo.
A preocupação da mãe, Nélia Alves, é como irá sustentar quatro filhos em simultâneo no Ensino Superior.
A família tem dificuldades económicas e espera que a divulgação pública da sua história possa abrir portas no sentido de assegurar a formação superior dos quatro filhos.
Nélia Alves pensa mesmo contactar as vedetas da actualidade para poder ajudar a família. Não está afastada a possibilidade de fazer chegar uma mensagem ao Cristiano Ronaldo a perguntar se ele terá bolsas de estudo.
“Uma vez conheci-o e quando lhe disseram que eu era mãe de quadrigémeos ele respondeu: Uau…e manifestou muito interesse, o que é óptimo”, disse.
Nélia Alves casou em 1993 com o homem com quem namorava desde os 17 anos. Em 1995 decidiu engravidar. Problemas relacionados com a ovulação fizeram com o que o seu médico a aconselhasse a fazer medicação.
Pensava que o tratamento seria duradouro. Nada disso, após a toma de cinco comprimidos, engravidou. Na primeira ecografia, recebeu a notícia: grávida de trigémeos. Nélia Alves ficou “verdadeiramente assustada”.
Já na 28.ª semana da gravidez, uma nova ecografia, revelou que não eram 3 mas quatro bebés.
A história desta gravidez insólita foi mantida em segredo no seio da família até ao dia do nascimento.
Nélia correu riscos assim como os bebés. Nada garantia que nasceriam bem ou com saúde.
Às 33 semanas de gravidez, face ao risco de pré-eclampsia e análises a apontar para um diagnóstico reservado, houve que fazer uma cesariana.
Pelas 33,5 semanas aconteceu o parto. Durou toda a madrugada, das 1h33 às 11h37. As quatro crianças nasceram bem, entre 1 kg e 1,720 kg, dispensando ventiladores e respiração assistida, ficando apenas nas incubadoras.
O pior viria depois. No final do dia, Nélia confrontou-se com uma complicação na sequência do parto e chegaram mesmo a recear pela sua vida.
“Não existem grandes explicações a nível científico mas eu sobrevivi e as minhas crianças estavam bem de saúde”, explicou ao ‘Funchal Notícias’.
Com mais 4 membros, a família Alves seguiu em frente e foi educando os seus filhos com os seus próprios recursos. O que Nélia não contava foi com a perda do marido, há menos de dois anos.
No início, houve uma tendência para o filho André Diogo assumir um pouco o papel de pai. Mas optou por ser ela própria “a tomar as rédeas de tudo com o apoio de todos”.
A “grande cumplicidade” familiar tem sido a vitamina para seguir em frente.
Nélia tem de ser mãe e pai ao mesmo tempo, assumindo a gestão de tudo, embora vá procurando fazer com os filhos ganhem autonomia e responsabilidade.
As dificuldades financeiras têm sido muitas.
Neste momento, a família Alves reside num apartamento da avó dos quadrigémeos, na Nazaré, no Funchal.
A empresa para a qual trabalhava fechou em 2011 e Nélia Alves ficou desempregada.
Estava a acabar o MBA em Turismo e Hotelaria e tinha entrado no Mestrado em Ciências Empresariais, na Universidade Fernando Pessoa.
Com o apoio do marido, acabou o mestrado e optou por se inscrever no doutoramento.
Porém, a 22 de Maio de 2013, o marido, Duarte Jorge, veio a falecer e cancelou o doutoramento, optando por ser mãe a tempo inteiro.
Deixou de receber o subsídio de desemprego no passado mês de Dezembro. É agora guia intérprete como empresária em nome individual, em regime freelancer. É uma profissão liberal mas sazonal.
Os quatro filhos querem entrar na universidade este ano. A mãe não faz ideia como vai suportar tanto custo.
Lutadora, tem andado no terreno em contactos, até mesmo junto da Fundação Benfica e Fundação Champalimaud. Mas sem grandes resultados, para além de saber que existem bolsas de estudo para atribuir.
Nélia Alves confessa que a questão dos estudos dos filhos a deixa acordada todas as noites.
“Receio não poder suportar os cursos para os quais eles lutam tanto para aprender, ter médias. Tenho medo de “matar” os sonhos dos meus filhos, além de que era o grande objetivo de vida do meu marido: pagar-lhes o curso que optassem por fazer”.
Nélia Alves desdobra-se em contactos para as autoridades oficiais. Já contactou Ministérios e até a Presidência da República.
Teve um pouco mais de sorte nos contactos estabelecidos a nível regional. Após ter recorrido à presidência do Governo Regional, foi-lhe atribuído um pequeno e incerto subsídio de cooperação familiar.
Nos últimos dois anos uma empresa regional de transportes marítimos apoiou este agregado familiar ao nível do material escolar.
Ao longo de 19 anos de vida, o marido, a mãe e a ama dos filhos, a D. Virgínia, foram o grande apoio desta mãe. Com a perda do marido, resta-lhe a mãe e a ama que ainda continuam a dar apoio esporádico a par de um punhado de “bons amigos”.
“Só recorro à ajuda de terceiros quando preciso mesmo. E agora estou numa fase em que preciso muito de ajuda para encontrar algo ou alguém que, a título de mecenato ou solidariedade social, possa ajudar a realizar o sonho dos miúdos e o objectivo de vida do meu marido que é a formação superior dos meus quadrigémeos”, disse.
Com a divulgação da história de vida, a pedido do público, Nélia Alves abriu uma conta exclusivamente reservada à angariação de donativos para esta causa, podendo os interessados efectuarem os seus donativos para a Conta BPI – Conta Quadrigémeos:
NIB – 0010 0000 5237417000133
IBAN – PT 50 0010 0000 5237 4170 00133.
As reacções à reportagem têm deixado Nélia Alves e a família “muito comovida”. Têm sido inúmeras as manifestações de carinho e de solidariedade. A própria admite: “Não sei como tudo isto vai acabar”, mas, habituada às adversidades da vida, promete bater a todas as portas em defesa dos filhos.