Óscares 2015. Whiplash: É bom, não foi?

Intensidade, inspiração e jazz, muito jazz. Whiplash, a segunda longa-metragem de Damien Chazelle, dá música à necessidade de um adolescente ser baterista. O seu maior sonho. Problema: o professor, que tem tanto de génio como de rigoroso. Chega a ser temível.

Sempre no limite, o filme conta-nos a história de Andrew, interpretado pelo promissor Miles Teller, que aos 19 anos decide trocar a namorada pela bateria no Shaffer Conservatory of Music. A única forma, pensou ele, de fazer carreira no mundo do jazz. 

Uma ambição que esbarrou, e de que maneira, em Fletcher, o professor, cujo papel foi assumido brilhantemente pelo veterano J.K. Simmons. Ele que se entrega de corpo e alma à personagem. É fantástico. Com ele a melodia é outra, não há como negar. Está nomeado para melhor actor secundário…

Mas voltemos atrás. Andrew quer chegar ao nível dos 'grandes' jazzmen e tenta absorver toda a sabedoria musical do famoso Fletcher, que procura ardentemente por uma lenda. A exigência é máxima. E o seu mentor, qual carrasco, também não ajuda. Nota: qualquer semelhança comportamental entre J.K. Simmons e um sargento (Nascido para Matar) pode não ser apenas uma mera coincidência.

A luta artística entre os dois é vivida por momentos de pressão, desespero e abuso de poder, ao som de uma bonita trilha sonora. Whiplash.

A tela é consumida por 'sangue, suor e lágrimas'. Vale tudo pela perfeição. E nem um acidente serve de desculpa para falhar.

As cortinas fecham-se com um intenso discurso musical entre o baterista e a bateria. Andrew ganha finalmente a sua identidade, Fletcher a sua lenda.

Sim, o lema a reter é 'no pain, no gain'. E nada melhor que Whiplash para nos provar isso. Mas, neste caso, não é de todo errado dizer: 'tocas muito, mas não me alegras'.

Soube a pouco: faltou a cereja no topo do bolo. Aliás, a 'música' poderia ter sido outra. O encanto era outro.

hugo.alegre@sol.pt