“Foi um choque para o meu corpo. Consumir seis mil calorias por dia enjoa”, afirmou o actor e produtor norte-americano, de 40 anos, em entrevista à revista Men’s Health. As roupas deixaram de lhe servir e só usava calças se tivessem elástico na cintura. Ainda foi testado em treinos com munições e por um professor de dialecto para ganhar sotaque texano, tudo para conseguir estar à altura de Kyle. Mas o pior foi mesmo a componente física.
“Ele escolheu o próprio treinador para desafiá-lo. Acho que treinou quatro horas por dias durante vários meses. Estava determinado a fazê-lo naturalmente, portanto, não quis usar qualquer tipo de proteína. Ele era apenas muito sistemático e levou o treinador para todos os locais onde passou”, afirmou Jason Hall, produtor de ‘Sniper Americano’, à revista People.
No final de contas, valeu a pena. E Cooper foi nomeado para o Óscar de Melhor Actor de 2015 pelo seu desempenho no filme de Clint Eastwood. A terceira nomeação para um Óscar consecutiva – o último a alcançar tal feito foi Russell Crowe.
Em 2013 foi nomeado para Melhor Actor Principal pela sua actuação em ‘Guia para Um Final Feliz’ e no ano seguinte, em 2014, voltou a ser nomeado em ‘Golpada Americana’, mas para o Óscar de Melhor Actor Secundário.
Tudo começou em 1999, quando um pequeno papel na série Sex and the City lhe abriu as portas a uma carreira profissional. Teve altos e baixos, participou em telefilmes, trabalhou em televisão e entrou em várias comédias. A mais conhecida, 'The Hangover' (A Ressaca), deu-lhe um novo fôlego. Mais tarde voltou a brilhar em ‘Guia para Um Final Feliz’ e ‘Golpada Americana’.
Fora da tela também causou sensação. Em Setembro de 2011 foi eleito o homem do ano pela revista GQ. Dois meses depois a People considerou-o o homem mais sexy do mundo. Cooper é um jovem talento que começa a despontar em Hollywood, mas que não deseja ser reconhecido apenas pela sua estampa física.
Clint Eastwood deu uma ajuda. Em 'Sniper Americano', Cooper atinge o melhor papel da sua carreira. A dedicação é total. Quer o sotaque, o trabalho físico, a postura militar, os diálogos… Foi tão convincente a interpretar Chris Kyle que surpreendeu até os amigos mais próximos do atirador, falecido em 2013. A própria mulher de Kyle fez questão de aplaudir a performance do actor, considerada pela crítica como uma das melhores do ano.
Pode não ser o favorito a ganhar a estatueta, face ao poderio da concorrência – Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação), Michael Keaton (Birdman), Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo) e Steve Carell (Foxcatcher) –, mas o reconhecimento de Hollywood já ninguém lho tira.