Jerónimo Martins despede na Polónia

A Jerónimo Martins, dona do Pingo Doce, iniciou um despedimento colectivo na Biedronka, a maior cadeia de retalho alimentar na Polónia, detida pelo grupo desde 1997. A deflação dos preços alimentares na Europa está a afectar as margens da empresa, mas o grupo liderado por Pedro Soares dos Santos garante que o Pingo Doce não…

O SOL apurou que a Jerónimo Martins vai dispensar 136 colaboradores na unidade polaca, uma informação confirmada por fonte oficial do grupo. Questionada sobre a necessidade de avançar com rescisões no mercado português, a mesma fonte assegura que o despedimento colectivo é uma “decisão de gestão da Jerónimo Martins Polska que impacta apenas a Biedronka”.

Os supermercados polacos são a primeira prioridade na estratégia de investimento do grupo, que lucrou 237 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano. No mesmo período, a Jerónimo investiu 301 milhões de euros, dos quais 247 milhões na Biedronka. A Polónia representa dois terços das vendas do grupo.

No entanto, e em resultado de “variáveis externas” como a deflação de preços, a Jerónimo decidiu travar a fundo o plano de expansão de lojas, reduzindo-o para um terço – de 300 para 100 anuais. Em Setembro do ano passado, a empresa revelava que iria abrir menos lojas no mercado polaco no quarto trimestre do ano e executar o plano de expansão previsto apenas até ao final de Outubro.

A justificação oficial para a dispensa destes funcionários prende-se precisamente com a revisão do plano de expansão de lojas. “A 13 de Novembro de 2014, no Biedronka's Day, foram comunicados novos objectivos de expansão da Biedronka, que passam por abrir cerca de 300 novas lojas, no período entre 2015 e 2017”, explica fonte oficial. Em 2014, a Biedronka inaugurou 211 lojas (194 líquidas), contando com um parque de 2.587 lojas.

“É neste contexto que a Jerónimo Martins Polska iniciou um processo de despedimento colectivo, circunscrito a 136 colaboradores das equipas relacionadas com os esforços de expansão, que haviam ficado sobredimensionadas face aos novos objectivos definidos em termos de abertura de loja.”

A Jerónimo assegura que o processo não tem impacto nos colaboradores das lojas nem da logística. E adianta: “A todos os colaboradores afectados por esta medida está a ser oferecido um pacote de indemnização que ultrapassa significativamente o estabelecido pela lei polaca e que inclui também um programa de outplacement”. Este programa visa apoiar a reintegração destes funcionários no mercado de trabalho.
 
Deflação afecta contas

A deflação alimentar na Polónia  – em grande parte provocada pela queda do petróleo – é um factor de pressão sobre as contas do grupo, já que obriga a reduzir os preços finais e reduzir as margens comerciais.

Ainda assim, “a A Biedronka continua a reforçar a sua quota de mercado e a sua liderança do sector do retalho alimentar na Polónia e prevê investir de 700 a 800 milhões de euros entre 2015 e 2017”, recorda a mesma fonte. As vendas da Biedronka subiram 9,1%, atingindo 8,4 mil milhões de euros em 2014.

Em Portugal, as vendas do Pingo Doce cresceram 1,7%, para 3.181 milhões de euros. O grupo apresenta a 5 de Março os lucros líquidos anuais. E no dia 13 assinala dois anos de actividade na Colômbia, onde opera com a insígnia Ara, contando com mais de 80 lojas.

sandra.a.simoes@sol.pt