Se somarmos à GNR, à PSP e às polícias municipais diferenciadas em cada município, todas os organismos municipais que nos podem passar multas de estacionamento, estaremos perante mais de 50 entidades que, pelo país inteiro, podem fustigar uma classe média que ainda vai tendo um pouco de dinheiro para o gasóleo.
A acrescentar a isto, ainda temos uma inovações esquisitas como são as trabalhosas cobranças das portagens das SCUT, que algum chico-esperto se lembrou de inventar para obrigar o automobilista a ter de se dirigir presencialmente para pagar a sua portagem nos CTT, num curto limite de dias posteriores à sua passagem na SCUT (se este não possuir Via Verde).
Com a recente extinção de vários postos dos CTT, sem dúvida que foi uma brilhante ideia para martirizar o cidadão que ainda pode manter o custo de um automóvel, mas que todavia tem de fazer uns quilómetros extra para ir pagar a sua passagem na portagem num posto dos correios cada vez mais longínquo
Como é possível que num país onde se inovou com a Via Verde, uma das melhores invenções para os condutores dos últimos tempos, sejamos, a par disto, criadores da pior invenção de cobrança rodoviária do mundo, como é esta cobrança da passagem nas SCUT?
O que está a acontecer às pequenas e médias empresas, que não conseguem suportar os custos de circular rapidamente por um país inteiro, é igualmente exemplo do pior planeamento estratégico para o país.
A circulação pelas estradas nacionais está a voltar a ser prioridade das pequenas e médias empresas. Ou seja, tantos milhões gastos em auto-estradas nos últimos anos em Portugal em prol da economia, para agora, no presente ano de 2015, as empresas que sustentam a economia preferirem reduzir custos brutais em portagens e voltar à circulação do antigamente.
Apesar de toda uma sinalização nas estradas nacionais, apelativa a que o automobilista se dirija às auto-estradas pagas, os inventores destas formas de pagamento das SCUT e os criadores das entidades que estão incumbidas de passar multas, deveriam reflectir como poderão facilitar a vida às pessoas e às empresas que trabalham e que puxam pelo país.
Desde há uma dezena de anos, as taxas de sinistralidade reduziram-se muito. Mas, tal como antigamente, continuou a manter-se a ideia de que os condutores portugueses deveriam ser castigados com coimas bastante pesadas.
No entanto, com o passar do tempo, as vias de circulação rodoviária foram alteradas e melhoradas, criou-se mais segurança nas estradas. Mas a mentalidade de penalização do automobilista não mudou.
Já é tempo de agirmos como país com leis e procedimentos de pessoas civilizadas. Em muitos países da Europa, não é por multar os cidadãos em excesso de velocidade que passa a haver taxas de sinistralidade inferiores. Nem é por criar modelos muito complicados de pagamento que se factura mais para as empresas beneficiárias das parcerias público-privadas.
Paulo Freitas do Amaral é Business Manager na Globalsoft