No local encontram-se cerca de uma centena de alunos e professores, e também alguns pais, que exigem falar com o ministro da Educação, Nuno Crato, alegando não terem responsabilidades no estado de degradação do edifício onde funciona a Escola de Música.
"Queremos ver resolvida toda esta situação das questões de segurança, das obras que já se arrastam há alguns anos. Queremos falar com Nuno Crato, não queremos resposta através de nenhum papel", disse à agência Lusa Bruno Cochat, professor no Conservatório.
Além dos cadeados na porta, estão colocados nas janelas do edifício cartazes onde se podem ler mensagens como: "Eu sou Conservatório Nacional", "Temos o direito de estudar música sem levar com um tijolo na cabeça", "Não deixem a nossa casa desmoronar" ou "Só queremos ter aulas em segurança".
Uma vistoria da Câmara Municipal de Lisboa ao edifício da EMCN obrigou na segunda-feira, por questões de segurança, ao encerramento de dez salas, o que fez com que os alunos ficassem sem algumas aulas.
Ana Barros, mãe de uma aluna do quinto ano integrado, disse ter sido "sem surpresa" que chegou ao Conservatório e viu todo o "aparato", sublinhando que um dia tal tinha de acontecer.
"A escola precisa de obras há 70 anos. O Ministério da Educação tem de resolver este prolema, nunca se viu em lado nenhum. É a única escola pública no país com estas condições. Mas, afinal, o que é que o senhor ministro quer? Não quer formar cantores e músicos neste país?", questionou Ana Barros.
Segundo esta mãe, na terça-feira houve uma reunião em que estiveram presentes representantes dos pais, na qual lhes foi transmitido que a escola estaria a funcionar em sistema de rotatividade. No entanto, Ana Barros considera que o assunto tem de ser revolvido de "uma vez por todas", pois há alunos a serem prejudicados "por não terem aulas e pela questão da segurança".
"Pode ser que agora, com esta chamada de atenção por parte de pais, alunos e professores, o senhor ministro nos oiça e resolva a situação", desabafou.
Também Gonçalo Mota, de 16 anos, aluno de ensino integrado, explicou que foram os estudantes que decidiram fechar a escola para exigir melhores condições, avançando não ser possível continuar na situação de insegurança que se tem mantido até agora.
"Não podemos continuar nesta situação. As dez salas foram encerradas e estamos a ser prejudicados, pois mesmo que a direcção da escola queira, não tem condições físicas para nos colocar em outros lugares", disse Gonçalo Mota.
Este aluno do Conservatório acrescentou que a situação se verifica "há demasiado tempo" e, por isso, vão manter-se à porta da escola por tempo indeterminado.
Até ao momento ainda não foi possível contactar com a direcção da escola, que já chegou ao local.
A ENCM fora notificada a 30 de Janeiro pela Câmara de Lisboa, após uma vistoria ao edifício, de que teria de encerrar, a partir de 16 de Fevereiro, dez salas de aulas por questões de segurança, disse à Lusa a directora daquele estabelecimento de ensino.
No final da passada semana, o Ministério da Educação garantiu à Lusa já ter autorizado a direcção da Escola de Música do Conservatório Nacional (EMCN) a desencadear os procedimentos necessários para poder reabrir as dez salas.
A directora da ENCM, Ana Mafalda Pernão, confirmou na segunda-feira à Lusa ter sido autorizada a "pedir três orçamentos" para a realização de obras, mas garantiu que "não chega".
Em Dezembro, a escola encerrou o pátio do edifício, onde "caíram pedaços de friso", sendo que, já no mês anterior, a Assembleia Municipal de Lisboa tinha discutido um relatório elaborado pelos deputados da comissão de Cultura, após uma visita à EMCN, no qual alertavam para as más condições do edifício.
Na ocasião da elaboração do relatório, a directora da escola e a associação de pais escreveram uma carta ao ministro da Educação a pedir uma "intervenção urgente" no edifício, que já tinha atingido um "estado de insustentável degradação".
Lusa/SOL