PS de Costa está igual ao PS de Seguro

Cinco meses passados sobre a euforia que rodeou a sua vitória nas primárias do PS, três meses volvidos sobre o Congresso de Lisboa que o entronizou como próximo primeiro-ministro de Portugal, a liderança de António Costa está longe de corresponder a tão altas expectativas. E, a sete meses das legislativas, o PS de Costa aparece…

Há vários factores que podem explicar esta subversão dos cenários eleitorais. A começar pelas insuficiências do próprio Costa. Que surgiu com menor consistência e agilidade política do que lhe apontavam e, em geral, nada diz quando fala. Ou que oscila entre a deriva esquerdista de colar o PS à vitória do Syriza e o pragmatismo resignado de não fazer promessas porque elas «dependerão sempre de negociações numa União a 28».

Mas outros problemas e adversidades pairam sobre o horizonte do PS e a liderança de Costa. Como o bico-de-obra em que se converteu a escolha de um candidato presidencial ganhador e mobilizador após o desinteresse de Guterres. Sem esquecer a sombra negativa que a prisão de Sócrates continuará a lançar até Setembro sobre as esperanças eleitorais do PS, ao criar uma barreira desmotivadora do voto e da confiança no partido.

Mas há, também, outra hipótese explicativa dos incipientes resultados que o PS de Costa atinge nas sondagens. Talvez uma parcela de eleitores, maior do que se pensaria, reconheça ao Governo de Passos Coelho – apesar de três anos de austeridade, de cortes nos salários e pensões, de desemprego e empobrecimento – o mérito e a coragem política de ter posto a casa em ordem, evitando a bancarrota iminente e recuperando a autonomia financeira do país.

Como entretanto veio reconhecer o próprio António Costa, «muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise», mas a situação de Portugal «está hoje bastante diferente daquela que estava há quatro anos». Veremos como isso se irá reflectir no voto das legislativas.

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