Família diz que bebé morreu no Hospital de Viana por negligência

A família do bebé de dez meses que morreu hoje no hospital de Viana do Castelo apresentou hoje à tarde uma queixa-crime no comando distrital da PSP, disse à Lusa o segundo comandante daquela força policial.

Em declarações à Lusa, a avó do menino anunciou que a família requereu a realização da autópsia para avançar com uma queixa crime, junto do Ministério Público (MP, por negligência médica.

"Vamos seguir com este caso para a frente. O meu neto morreu por negligência médica", afirmou, Maria do Céu Antunes.

Em comunicado, a Unidade de Saúde do Alto Minho ULSAM revelou a abertura "de um processo de averiguação interna para o cabal esclarecimento do ocorrido", garantindo que "todo o procedimento foi pautado por corretas atitudes clínicas".

Segundo a ULSAM a morte da criança foi declarada hoje, às 00:01, depois de se terem "revelado infrutíferas" as manobras de reanimação realizadas "durante 30 minutos", na sequência de uma paragem cardíaca.

Adiantou que o bebé, que sofria de uma cardiopatia congénita, encontrava-se internado naquela unidade hospital.

Maria do Céu Antunes explicou que levou o neto ao hospital, quinta-feira passada, por apresentar tosse.

"A operação que lhe iam fazer ao coração já tinha sido adiada duas vezes por ele estar doente. Tinha nova cirurgia marcada para a próxima quinta-feira e por isso decide, por prevenção, levá-lo ao hospital por causa daquela tosse", explicou, adiantando que aquela operação "esteve inicialmente para Janeiro, depois para Fevereiro, e agora estava prevista para o dia 12 de Março".

Segundo a avó, o menino deu entrada no hospital de Viana, cerca das 08:40 de quinta-feira, "com tosse mas sem febre".

"Cerca das 10:30 começou a aparecer a febre. Por sorte, o pediatra que o acompanha no hospital de Viana encontrava-se de serviço, e decidiu interná-lo", adiantou.

A avó do menino garantiu que a partir de sexta-feira " e porque a febre não cedia" a família "pediu várias vezes" para que fosse efectuada a transferência para o Hospital de São João, onde o menino era seguido devido ao seu problema de saúde.

"Na sexta-feira às 21:30 a febre continuava a não ceder e insistimos para que o transferissem para o Porto mas disseram-nos que o estado de saúde do meu neto não cumpria os requisitos para a transferência", sustentou.

No sábado, adiantou a avó, o bebé "foi transferido do serviço de pediatria para Neonatologia, no hospital da capital do Alto Minho.

"Cerca das 20:15, depois do padre do hospital o ter baptizado pedimos novamente para que fizessem a transferência para o São João. O meu neto não estava nada bem. Só o começaram a preparar para seguir para o Porto cerca das 21:30. Entretanto chegou a ambulância do São João mas já era tarde", explicou a avó.

De acordo com a nota enviada à imprensa, a ULSAM explicou que se tratava de uma criança com uma cardiopatia congénita, acompanhada no Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital de São João, doença que "condicionou fortemente o seu desenvolvimento ponderal e saúde, com vários episódios prévios de descompensação respiratória".

"O presente internamento deveu-se a um quadro de pneumonia com uma evolução rápida e grave, o que motivou a decisão de transferência para a Unidade de Cuidados Intensivos Pediátricos do Hospital de São João", lê-se naquele documento.

Segundo aquela unidade hospitalar "o desfecho fatal ocorreu após as manobras de estabilização prévias ao transporte efectuadas pela equipa do Transporte Inter-Hospitalar pediátrico (TIP), encontrando-se o paciente com entubação endotraqueal e ligado a suporte ventilatório".

Lusa / SOL