Representante dos bispos católicos visita mesquita de Lisboa

O bispo das Forças Armadas Portuguesa visita esta tarde a Mesquita de Lisboa. Manuel Linda será recebido pelo presidente da Comunidade Islâmica, Abdool Vakil, e pelo imã da mesquita de Lisboa, xeique David Munir, naquela que será a primeira visita de um representante da Conferência Episcopal Portuguesa a um templo do Islão.

“Trata-se de um contacto informal que partiu da vontade de conhecer a Comunidade Islâmica”, afirmou ao SOL, Manuel Linda, que preside à Comissão Episcopal responsável por acompanhar o diálogo inter-religioso e ecuménico. “Na última reunião da Conferência Episcopal, os bispos mandataram-me para fazer este conhecimento”, acrescenta o bispo católico, sublinhando que este encontro será o primeiro entre os representantes das duas religiões. Manuel Linda diz nunca ter visitado uma mesquita mas lembra que outros bispos, individualmente, já o fizeram e que, em tempos, houve um sacerdote católico, o padre Peter Stilwell, que tinha a missão de dialogar com os líderes de outras religiões.

“Não temos programa, é apenas um encontro. Mas se me convidarem para entrar para ver a zona de oração, com certeza que tirarei os meus sapatos e entrarei”, garantiu o bispo católico, que irá sozinho nesta visita.

Situação actual dá significado maior a este encontro

Manuel Linda reconhece que no contexto actual, em que grupos extremistas islâmicos ganham terreno e o Estado Islâmico massacra e mata centenas de cristãos, esta visita ganha um significado especial. Contudo, o bispo português sublinha que a comunidade islâmica portuguesa já condenou estes actos violentos e rejeitou as agressões que têm sido cometidas. “Mesmo que não houvesse estes actos violentos, temos obrigação de nos conhecer, entender e respeitar a especificidade de cada um”, acrescenta o bispo católico.

Sobre o futuro da relação entre as duas religiões, o bispo português não se compromete. “Agora não temos uma agenda específica. Vamos ver o que as circunstâncias nos propõem. Mas não é possível uma compreensão ou futura colaboração sem que as pessoas se conheçam. Este é o primeiro passo nesse sentido”. 

rita.carvalho@sol.pt