Seis milhões e meio de americanos com 112 anos?

Segundo um relatório da Segurança Social dos Estados Unidos, há 6,5 milhões de norte-americanos com mais de 112 anos, ou pelo menos os registos indicam isso. Quase todas essas pessoas já morreram, noticia a agência Associated Press, mas o seu número continua activo pelo facto os registos estarem ainda guardados em papel. Uma dessas pessoas…

O relatório da Segurança Social esclarece que apenas 13 dessas pessoas estão a receber dinheiro da Segurança Social – presumindo-se que estão todos vivos –, mas levanta o pano para um problema grave: a utilização fraudulenta de dados pessoais. Esses 6,5 milhões de números, estando activos, podem ser usados para pedir benefícios e devoluções fiscais, cartões de crédito ou até para criminosos ou imigrantes ilegais usarem uma identidade falsa.

Segundo a AP, a procuradora geral assistente Caroline Ciraolo afirmou recentemente no Congresso americano que em 2013 foram pagos 5,5 mil milhões de euros em devoluções fiscais fraudulentas devido a roubo de identidade. “O método é assustadoramente simples”, disse Ciraolo.

“Tem de haver uma solução legislativa aqui, e é isso que vamos tentar fazer”, disse à agência noticiosa o senador republicano Ron Johnson, do Wisconsin. Segundo o também presidente do Comité do Senado para a Segurança Interna e Assuntos Governamentais, o objectivo passa por recolher informação estadual mais concreta que permita actualizar as listas nacionais. O tema e o relatório da Segurança Social foram discutidos esta segunda-feira pelo comité do Senado presidido por Johnson.

Há uma extensa lista disponível para entidades públicas e privadas que inclui os números de Segurança Social que vão deixando de ser usados, bem como nome, data de nascimento e de morte. No entanto, o ‘Ficheiro Mestre da Morte’, como também é conhecido, não inclui nenhum daqueles 6,5 milhões de números.

O problema de eliminar os milhões de registos fantasmas da Segurança Social é que não podem ser simplesmente apagados. Supõe-se que essas pessoas estejam quase todas mortas, mas essa confirmação tem de ser feita caso a caso. E quando entram na equação ficheiros em papel – quase todos anteriores a 1972 – e erros como várias datas de nascimento para a mesma pessoa, mais do que uma morada ou informações sobre diferentes familiares, a tarefa torna-se ainda mais difícil.

O próprio ‘Ficheiro da Morte’ também tem sido criticado por razões opostas, uma vez que ocasionalmente surgem números e nomes nessa lista de pessoas que estão vivas e de saúde. Este domingo o programa 60 Minutes, da CBS (emitido também na SIC Notícias), incluía uma peça sobre pessoas vivas colocadas nesse ficheiro. Em estúdio, quatro pessoas relataram os seus problemas bancários, com cartões de crédito ou até com a polícia após serem colocados na lista.