E se transformássemos o cancro numa defesa?

Um grupo da Universidade de Stanford (EUA) conseguiu transformar células cancerosas extraídas de um paciente com leucemia linfoblástica de células B precursoras – uma forma particularmente agressiva de leucemia que provoca uma multiplicação de glóbulos brancos imaturos (logo, ineficazes) na medula óssea e no sangue – em glóbulos brancos. Dita assim, a novidade parece uma…

E se transformássemos o cancro numa defesa?

A descoberta, nota o diário espanhol El País, foi feita quase por acaso. O grupo introduziu nutrientes numa cultura de células cancerosas para conseguir mantê-las vivas e estudá-las mais em detalhe. Até que um jovem cientista que participava na experiência percebeu que algumas dessas células estavam a transformar-se em macrófagos, cuja função é defender o organismo, fazendo desaparecer micróbios nocivos e… células cancerosas.

A equipa verificou, depois, que a causa desta metamorfose virtuosa era um cocktail de proteínas que se juntou a determinadas sequências de ADN destas células. Apesar de manterem algumas das características anteriores, as novas células não foram capazes de desencadear o cancro em ratinhos de laboratório geneticamente modificados para não terem defesas.

A experiência foi publicada na revista científica PNAS e, para os autores, esta reprogramação celular pode ser uma nova terapia contra o cancro, no futuro.

ricardo.nabais@sol.pt