Tony Abbott publicou a mensagem na última sexta-feira, para assinalar a semana de festa da comunidade irlandesa. O seu discurso foi alvo de críticas internas por ser praticamente uma repetição da mensagem passada há um ano, mas são as referências ao consumo de álcool que estão no centro deste mini incidente diplomático.
O primeiro-ministro australiano apostou numa mensagem regada de humor, característica que a par do “amor pela vida” diz fazer parte do que “os irlandeses deram à Austrália”. Fez questão de mostrar que vestia uma gravata verde “para a ocasião”, que considera um “grande dia para os irlandeses – e para os ingleses, vietnamitas e cambojanos e para todos os que gostam de uma boa festa”.
A faceta paródica dos irlandeses é tão vincada na percepção de Abbott que a piada seguinte lembra que se “costuma dizer que os australianos e os ingleses fizeram as leis, os escoceses fizeram o dinheiro e os irlandeses fizeram a música”.
Citando o historiador Patrick O’Farrell para considerar os “irlandeses a força galvanizadora no centro da evolução do carácter nacional” australiano, Abbott acaba a lamentar não poder participar nos festejos para “beber uma ou duas Guinness, talvez até três”.
Nada de muito ofensivo, considerando até o tweet que o ministro da Defesa, Kevin Andrews, publicou nas primeiras horas do dia, onde, de caneca de cerveja na mão, pergunta: “Muito cedo? Feliz dia de São Patrício!”.
Mas os irlandeses estão fartos da fama de povo alcoólico. Em Novembro de 2014, o problema voltou a ser notícia com a história de Katie Mulrennan, uma professora irlandesa a quem foi negado um trabalho em Seul, Coreia do Sul, com a justificação formal a recordar “a natureza alcoólica” do povo irlandês.
Enda Kenny confirmou ter ouvido “as palavras do primeiro-ministro” australiano, acrescentando que não concorda com elas. “Penso que há condições para que os muitos irlandeses na Austrália possam ter uma boa festa de celebração do Dia de São Patrício e da Semana de São Patrício. E que possam fazê-lo de uma forma completamente responsável”, disse o líder do Governo irlandês.
“Há uma velha visão preconceituosa da Irlanda, que eu rejeito. É importante que se perceba que este é um dia de celebração nacional que pode ser celebrado por todo o mundo”, defendeu o ofendido Kenny.