Segundo o Estadão, edição online do Estado de S.Paulo, que teve acesso exclusivo ao documento, os conselheiros de Dilma Rousseff lembraram a resposta do marquês de Alorna a D. José quando este o procurou para pedir uma sugestão para reagir ao terramoto, tal era o estado de devastação de Lisboa e o número de mortos. "Enterrar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos", recomendou o marquês ao rei.
Ora, segundo o documento interno citado pelo Estadão, os conselheiros entendem que a reacção portuguesa ao caos deve inspirar os próximos dias de Dilma Rousseff, na medida em que "significa que não podemos deixar que ocorra um novo tremor enquanto estamos cuidando dos vivos e salvando o que restou", ainda de acordo com o diário brasileiro.
Dilma e o seu governo terão de "virar o jogo" para conter os protestos como o do último domingo em que milhares de brasileiros foram para as ruas de várias cidades do país pedir a demissão da chefe de Estado reeleita em Outubro, numa segunda volta eleitoral muito disputada com Aecio Neves, então candidato do PSDB.
A tarefa não se adivinha fácil par a sucessora de Lula da Silva. Pouco mais de três meses depois de tomar posse para o seu segundo mandato, Dilma vê disparar os níveis de reprovação. Segundo o instituto de pesquisa Datafolha, 62% dos brasileiros estão insatisfeitos com a actuação da sua Presidente. Os dados divulgados hoje fixam uma tendência crescente: em Fevereiro 44% dos brasileiros considerava o governo "ruim ou péssimo" e em Dezembro apenas 24% partilhava desta opinião.
A operação Lava-Jato, que investiga uma rede de corrupção na Petrobras envolvendo dezenas de políticos e empresários, bem como os sinais de recessão económica estão na origem da quebra na popularidade da líder brasileira. Acrescem as medidas de austeridade que começam a ser impostas pelo seu governo para reduzir a despesa publica e que contrariam as promessas eleitorais que levaram Dilma Rousseff a ser reeleita para o Planalto.