Santuário de Fátima revela pormenores sobre as ofertas dos peregrinos

O reitor do Santuário de Fátima revelou que a instituição registou em 2014 uma “estabilização nas ofertas dos peregrinos”, sem especificar o seu valor, garantindo que a situação não impediu de aumentar as ajudas sociais e obras.

"Registamos, em 2014, uma estabilização nas ofertas dos peregrinos, quando comparadas com as de 2013", afirmou à agência Lusa o padre Carlos Cabecinhas.

Segundo o reitor do maior templo mariano do país, isso não impediu a instituição, que não divulga as suas contas desde 2006, "de aumentar as ajudas em âmbito social, tendo em conta as acrescidas dificuldades económicas do contexto" actual.

"Além disso, não deixamos de continuar a promover as obras e intervenções necessárias para proporcionar condições aos peregrinos que visitam o Santuário de Fátima", declarou o sacerdote.

A divulgação das contas do Santuário de Fátima, no distrito de Santarém, foi iniciativa do então bispo da diocese de Leiria-Fátima, Serafim Ferreira e Silva, hoje bispo emérito. Começou no ano 2000, com informação relativa ao ano anterior.

A apresentação foi interrompida em 2006, após o anúncio dos dados financeiros do santuário relativos ao ano anterior aos peregrinos que se encontravam no recinto a 13 de Julho.

As contas de 2005 revelaram um prejuízo de 3,7 milhões de euros, justificado pela construção da Basílica da Santíssima Trindade. Nesse ano, as ofertas dos peregrinos atingiram os 9,3 milhões de euros.

Em 2007, o reitor do Santuário de Fátima à data, monsenhor Luciano Guerra, explicou que as contas da instituição de 2006 não foram publicadas devido à falta de regulamentação da legislação fiscal, ao abrigo da nova Concordata.

O porta-voz da diocese de Leiria-Fátima, padre Vítor Coutinho, esclareceu à Lusa que "o Conselho Nacional do Santuário de Fátima prevê que se possam apresentar as contas da instituição assim que estejam regulamentados os aspectos fiscais da Concordata entre a Santa Sé e o Estado português".

"Ainda que não haja uma obrigação legal nem moral de o Santuário de Fátima fazer apresentação pública da sua contabilidade, contudo, a maior parte das instituições da Igreja entende que essa apresentação pode ser um sinal positivo para co-responsabilizar os católicos nelas envolvidos", assinalou o porta-voz da diocese.

Segundo o padre Vítor Coutinho, "no caso do Santuário de Fátima, as contas de cada ano são submetidas a diversos conselhos, dos quais fazem parte pessoas externas à instituição", além de que "várias entidades eclesiais exercem também uma função de vigilância sobre a administração que é feita".

"Temos vários mecanismos para garantir uma gestão rigorosa de acordo com a missão e perfil do santuário", declarou o responsável.

"Apesar de não ser possível ainda fazer a desejada apresentação pública de contas, penso que há garantias suficientes para estar seguros de que as ofertas feitas ao Santuário têm como finalidade financiar os vários serviços e estruturas de acolhimento e apoio dos peregrinos, bem como permitir uma vasta acção de ajudas sociais a muitas instituições", acrescentou o porta-voz da diocese.

Lusa/SOL