O formato foi comprado pela Blue Pipeline, de Paulo Sousa Marques (professor de empreendedorismo no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa), uma produtora criada com o objectivo de “fazer do empreendedorismo um desporto nacional”. E a compra dos direitos do concurso foi o primeiro passo dessa ambição.
Os 13 episódios da primeira série, todos já gravados, foram produzidos pela Take & Sound e pela Endemol, nos estúdios em Venda do Pinheiro. Segundo Sousa Marques, o cenário de 700 m2 – que “custou um balúrdio” – é uma recriação fiel do programa norte-americano, transmitido pela ABC. Segundo o empresário, ficou tão bom que “os executivos da Sony quando vieram cá nem queriam acreditar”. A Sony, titular dos direitos do formato, pediu inclusivamente aos produtores italianos que estão a fazer a segunda versão do programa no território europeu (ainda não estreado) para virem ver o trabalho da equipa portuguesa.
Projectos em Silicon Valley e Angola
O concurso consiste na apresentação (pitch) que os candidatos fazem em poucos minutos de uma ideia de negócio ao painel de ‘tubarões’ – um júri composto por investidores verdadeiros que aceitam ou não financiar o projecto. Na altura em que o Shark Tank foi anunciado, especulou-se se haveria em Portugal ‘tubarões’ à altura e concorrentes que soubessem realmente ‘vender’ boas ideias de negócio. “Tudo isso foi ultrapassado”, entusiasma-se Paulo Sousa Marques, adiantando que, entre os cerca de 60 concorrentes que vão desfilar nas noites de sábado na SIC, uma percentagem muito alta fez negócio com os tubarões. “Um deles já levou o seu projecto a Silicon Valley e outro já está a exportar o produto para Angola” – tudo feito no mês após as gravações terem terminado, num “trabalho muito intenso”, conta.
O formato do programa implica que os negócios celebrados frente às câmaras sejam concretizados na vida real. Além disso, assegurou Paulo Sousa Marques, os ‘tubarões’ portugueses investiram mais do que aquilo que se especulou nos media como tecto máximo: “Foi mais do que 2,5 milhões de euros”. E , acrescenta, já fora do programa voltaram a investir mais nas propostas que apoiam.
Quanto ao júri – composto por Mário Ferreira (líder da Douro Azul), João Koehler (Colquímica), Susana Sequeira (MSTF Partners), Miguel Ferreira (Fonte Viva) e Tim Vieira (Special Edition Holding) –, Paulo Sousa Marques diz que logo no primeiro ensaio “esqueceram-se das câmaras e houve uma química e uma disputa imediata entre eles”. O receio em relação à qualidade dos concorrentes também foi posto de parte: “As pessoas vão ficar muito surpreendidas”. Nas imagens que vão ser mostradas do desenvolvimento dos projectos, “os espectadores podem ver que houve pessoas que mudaram de facto as suas vidas”, garante Paulo Sousa Marques. E há muitos que dizem: “não fiquem só a ver televisão, façam pela vida”.