A razão do ataque são as eleições para os Departamentos nos próximos dias 22 e 29 de Março, primeira e segunda volta. O alarme vem das sondagens que dão a Frente Nacional à frente, com oscilações entre 28% (Opinion Way), os 30% (Harris Interactive) e os 31% (Oxida). A seguir vem a «UMP e aliados», entre 28 e 29%, depois o PS e aliados, com 20%. Os partidos à esquerda do PS não alcançam os dois dígitos.
Marine Le Pen e a FN concentraram os seus esforços eleitorais na França rural; depois do sucesso nas periferias urbanas, que conquistaram à esquerda popular e ao Partido Comunista, voltam-se agora para as aldeias.
A progressão da FN repete-se a nível nacional, a partir das eleições municipais de 2014; em cidades históricas que votavam à esquerda, como Cognac, Lisieux, Lorient, Poitiers, Tours, os candidatos da Frente Nacional passaram à segunda volta. O que deu lugar à frente 'antifascista' acordada pelas lideranças do PS, da UMP e até da extrema-esquerda, para um «não passarão». Mas isso pode não durar eternamente numa conjuntura em que, segundo numerosas sondagens, mais de metade do eleitorado do centro-direita prefere uma aliança com a FN a dar vitórias à esquerda.
Marine Le Pen centrou-se no Oeste e na Bretanha, onde alguns dos fenómenos da crise económica e da insegurança chegaram ao mundo rural. A FN apela a uma 'França dos esquecidos' e sublinha os males da PAC e do tratado transatlântico para os agricultores. É um sector em que a popularidade dos nacionalistas se pode medir: numa visita de nove horas ao Salão da Agricultura, a líder da FN foi bem recebida pelos expositores e pelo público, enquanto François Hollande foi largamente assobiado, mal chegou.
O primeiro-ministro, Manuel Valls, não poupa palavras nem esforços para denunciar os efeitos de uma «FN com 30%, não na segunda mas na primeira volta das eleições departamentais». Mais à esquerda, o alarme também é claro. O PCOF (Partido Comunista dos Operários de França), um dos partidos inscritos na Frente de Esquerda, simpatizante de Estaline e de Enver Hoxha, o saudoso ditador albanês que também por cá contou admiradores, instiga «o proletariado e as massas oprimidas dirigidas pelo partido» a recorrer «à violência insurreccional, caso as coisas se agravem.»
Recorrerão?