Fernando Ulrich
Quando fala em público é um exemplo de frontalidade e objectividade para outras figuras com responsabilidades na área financeira e até política, como se comprovou esta semana com as suas declarações na comissão de inquérito do BES. Fez um merecido elogio ao governador do Banco de Portugal, sublinhando a coragem deste ao enfrentar o poder de Ricardo Salgado num momento em que era considerado intocável e quase ninguém se atrevia. E não se esqueceu de apontar a incompetência do FMI e da troika para detectarem os múltiplos buracos e irregularidades que levaram ao colapso do BES.
E SOMBRA…
Paulo Núncio
Tornou-se insustentável a situação política do secretário de Estado dos Assuntos Fiscais com os desenvolvimentos do caso da lista VIP. Porque não pediu logo e deu ideia de não querer uma auditoria interna? Porque andou a jurar que nada se passava sem ter confrontado pessoalmente o director-geral e o subdirector? Como pôde envolver o Governo e o primeiro-ministro nesta história mal contada? Perguntas a que não parece capaz de responder.
Ricardo Salgado
Foi à AR repetir a narrativa que fizera há dois meses e meio (a culpa do desastre do BES é toda da crise, do BdP e do Governo… não dele nem da família Espírito Santo), como se entretanto não tivesse sido desmentido por inúmeros testemunhos, auditorias, documentos e gravações. Habituou-se a manter-se impávido quando o mundo ruía à sua volta, mas já percebeu, pelo menos, que o seu caso e os desmandos da sua gestão vão mesmo acabar em tribunal.
José Sócrates
Se dúvidas ainda houvesse, a dupla decisão do Supremo e da Relação em mantê-lo em prisão preventiva veio demonstrar a gravidade e a sustentabilidade das suspeitas que a investigação tem contra ele. Os juízes sublinharam por unanimidade os 'fortes indícios' apurados. E o seu horizonte próximo é continuar vários meses em prisão, até ser levado a julgamento. Sem mais recursos nem expedientes ou manobras de diversão.