Naceu aqui por acaso. Foi a morada onde, em 1930, os pais estavam a viver. Eram, também eles, inquilinos. Quando a criança nasceu, os proprietários tinham-se mudado para Lisboa por razões de saúde. Tal como os actuais proprietários, primos da actual inquilina, radicados em Lisboa.
Na altura, a casa era dos tios-avós da actual inquilina, com quem o SOL trocou hoje umas palavras. Poucas. Inquilina discreta como foi o escritor.
Herberto Helder nasceu no seio de uma família de origem judaica. Mesmo antes de se mudar para Lisboa, teve outros pousos no Funchal. Por exemplo, na Rua do Quebra Costa, nº 33, também no Funchal, num edifício que hoje é uma galeria de arte (Porta 33) e onde, durante vários anos da sua infância, viveu o poeta.
Mas onde verdadeiramente nasceu, na Rua da Carreira, no muro da casa típica madeirense, com balcão e calçada de pedra do calhau, foi colocada a 29 de Maio de 1996 uma placa alusiva ao seu nascimento. A placa foi uma homenagem da Região Autónoma da Madeira, mais precisamente da vontade da então directora regional dos Assuntos Culturais, Manuela Aranha.
A mãe Maria Ester dos Anjos Luís Bernardes morreu em 1938, tinha ela 38 e ele 8 anos de idade.
Em 1946, com 16 anos, Herberto Helder viajou para Lisboa para frequentar o 6.º e o 7.º ano do curso liceal. Saiu da ilha e nunca mais voltou. Apenas na poesia.
Em 1990, Tolentino Mendonça – outro grande poeta madeirense – escreveu o seu primeiro poema “A Infância de Herberto Helder”. Foi no tempo em que leu ‘Photomaton & Vox’, o livro que o tocou bem fundo. Para Tolentino Mendonça, tal com o para Herberto Helder, no princípio, era a ilha. A Madeira e Herberto Helder.