Semanas depois, era confirmado como novo presidente do CA da RTP Gonçalo Reis. Que, curiosamente, já opinara sobre o modelo de supervisão e tutela da RTP que “o CGI é um tiro ao lado, dilui a responsabilização e torna confusa a linha de comando. Não resolve os problemas e inventa outros”.
Mais curiosamente ainda, Reis veio informar o país de que, afinal, “a Liga dos Campeões está no ADN da RTP” e tem um impacto nas audiências que “é brutal”, pelo que a RTP não irá sequer atenuar o investimento e sublicenciar a outros canais, a TVI ou a SIC.
Confusos? Não é caso para menos.
Para além da confrangedora desautorização pública com que o ministro Poiares Maduro e o CGI saem deste episódio, é, mais uma vez, a mistificação do ‘serviço público’ da RTP que está em causa. Ora, a realidade é que a programação da RTP1 tem o mesmo ADN da TVI e da SIC, é uma televisão comercial formatada pelo mesmo tipo de audiências, de grelhas, de jogos de futebol.
E a definição de serviço público continua ao mesmo nível da caça aos gambozinos – fala-se muito mas ninguém sabe o que é. O que nos oferece a RTP1 que a SIC ou a TVI não dêem já (e, frequentemente, com melhor qualidade), que oferta diferente tem a RTP1? Esta é a pergunta que vale 165 milhões de euros (que os portugueses pagam na subreptícia taxa audiovisual para sustentar uma televisão igual às outras – e muito mais cara).