Crimes informáticos subiram e estão mais sofisticados na banca online

A criminalidade informática aumentou em 2014, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), hoje entregue no parlamento e que aponta uma cada vez maior complexidade e sofisticação de sofware malicioso dirigido aos utilizadores da banca online.

No que respeita ao modo de actuação, o RASI identifica sobretudo um aumento ao nível dos meios de pagamento (online e fishing), o "haking", sobretudo o que tem como alvo as instituições do Estado, com consequências ao nível da protecção de dados pessoais, a produção e utilização de programas maliciosos, assim como a possibilidade de uso em todo o tipo de dispositivos móveis.

"Apesar de se ter verificado um declínio da capacidade dos actuais hacker e uma menor capacidade de mobilização, as lacunas de segurança nas infra-estruturas informáticas de diferentes serviços e/ou organismos públicos permitiram operações hacktivistas com alguma gravidade e especial impacto mediático", reconhece o documento.

Segundo o RASI, que analisa pela primeira vez a criminalidade informática de forma detalhada, em 2014 foram constituídos um total de 464 arguidos por crimes informáticos, grande parte (372 arguidos) por burlas informáticas e nas comunicações.

Do total de arguidos, 50 referem-se a casos de acesso ilegítimo ou indevido a dados, 15 a devassa por meio informático, 13 a reprodução ilegítima de programas protegidos, seis a falsidade informática, cinco a sabotagem informática e três a viciação/dano relativo a dados ou programas informáticos.

Quanto à cibercriminalidade organizada, o relatório sublinha que 2014 ficou marcado pelo aumento de número de casos e do nível de sofisticação/complexidade de 'malware' (software malicioso), especificamente desenhado para defraudar utilizadores dos sistemas nacionais da banca online, bem como 'ransomware' (um tipo específico de software malicioso, que pede um resgate ao utilizador para que posso reaver os seus dados) dirigido a pequenas e médias empresas, instituições públicas e a particulares.

O relatório reconhece que este tipo de crime tem vindo a ganhar importância no contexto da criminalidade nacional, dividindo a criminalidade informática em duas áreas : crime informático e o crime cometido com recurso a meios informáticos, mas que na sua génese se trata de abusos sexuais com recurso à internet, assim como dos mais diversos tipos de burla via internet.

"A PJ tem vindo a acompanhar a evolução deste tipo de criminalidade, verificando que na última década o número de casos tem sofrido um aumento substancial, seja no tocante ao crime informático propriamente dito, seja no número de casos praticados com recurso a meios informáticos, o que está a contraciclo da criminalidade geral", que segundo o RASI desceu 5,4 por cento em 2014.

De acordo com o relatório, que apresenta os principais resultados da criminalidade e actividade das forças e serviços de segurança, o ano passado registaram-se 19.061 casos de criminalidade violenta e grave, menos 1.086 do que em 2013.

Lusa/SOL