Tudo isto fez – e continua a fazer – disparar o volume de transacções imobiliárias em Portugal, muitas das quais a favor de cidadãos estrangeiros. Mas esta verdadeira movida não pode deixar-nos eufóricos, como se tivéssemos voltado à velocidade de cruzeiro que marcou as décadas do nosso boom imobiliário. Estes tempos não voltam mais, o que é natural e até desejável, sendo aliás também desejável travar euforias que possam toldar a nossa percepção do caminho que temos de percorrer para consolidar este crescimento.
Não podemos passar do pessimismo mais depressivo, onde qualquer incidente de percurso parece uma ameaça incontornável, para o optimismo mais cor-de-rosa, onde tudo parece correr às mil maravilhas e onde até as árvores de fruto ameaçam crescer até ao céu, desafio que, todos sabemos há muito, é impossível de alcançar. Nem com as oliveiras milenares do nosso clima mediterrânico.
O que é realmente preciso é garantir que a procura externa encontre, entre nós, a oferta imobiliária de qualidade que espera encontrar e tem encontrado. Seja no mercado da Reabilitação Urbana, seja no Turismo Residencial, seja no imobiliário para comércio, segmentos que entre nós têm ainda espaço para crescer, mas que devem crescer sob o nosso olhar mais atento e cuidado.
Já não falo, claro, na tradição da nossa hospitalidade, na autenticidade das nossas tradições que convivem muito bem e sem problemas com a modernidade que constantemente chega nas ofertas globalizantes, nem no exercício permanente de abertura aos outros, mesmo aqueles que são muito diferentes de nós, um dos mais simples segredos do nosso ADN, virtude mais apreciada e reconhecida pelos estrangeiros que nos conhecem do que por nós.
O que é realmente preciso é divulgar, junto dos mercados potencialmente interessados, com inteligência e eficácia, a nossa oferta imobiliária de excelência (também no preço e principalmente na relação preço-qualidade), de forma a que nos possamos comparar com outros destinos da União Europeia que têm menos virtudes para serem mais atractivos ao investimento estrangeiro, como alguns ainda são.
Tudo isto sempre sem euforias. Sem endeusar esta ou aquela procura externa comparativamente com outras, mas também sem diabolizar algumas das nossas ofertas, suspeitando que só aquelas que porventura estão a chegar ao fim é que conseguirão atrair investimento num fatalismo que, felizmente, a experiência não tem comprovado.
*Presidente da APEMIP, assina esta coluna semanalmente