“Trabalhei com Manoel de Oliveira no âmbito de centenário de nascimento de José Régio. A partir de então, visitei-o algumas vezes em casa, onde conversávamos muito acerca do pintor Julio, de que somos admiradores e ele conheceu pessoalmente. Ele explicava que o ter muitos filmes por fazer justificava viver sempre mais. Um dia, desenhou-me um pássaro. Desenhou-o, disse que provavelmente não desenhava há mais de 90 anos, e ofereceu-mo. Sabia que eu achava os pássaros lindíssimos e simbolicamente maravilhosos. O seu cinema é uma meditação profunda acerca do espírito do homem, com as suas bondades e maldades, sobretudo com a insatisfação. Ele não entendia a satisfação. Achava isso coisa de instante. A vida é essencialmente uma busca. Para ele, buscar era filmar. É uma pena que o corpo dos homens se incompatibilize com as suas vontades”.
Várias figuras e publicações, nacionais e internacionais, já reagiram à morte de um dos maiores realizadores portugueses:
Assunção Esteves: Manoel de Oliveira é a 'memória da nossa transcendência'
Cahiers du Cinema: Manoel de Oliveira é um dos maiores artistas da segunda metade do século XX
Maria João Seixas: Morte de Manoel de Oliveira é uma 'perda inestimável na cultura portuguesa'
CDS evoca ‘orgulho’ de Portugal num cineasta ‘imortal’
BE lembra 'grande cineasta europeu' que moldou o cinema nacional
PCP lembra 'figura ímpar da cultura portuguesa'
António Costa: 'A obra de Manoel de Oliveira perdurará para as futuras gerações'
Cavaco Silva: Obra de Manoel de Oliveira é 'um testemunho inconfundível da cultura portuguesa'
PSD lamenta 'grande perda para Portugal'
Barreto Xavier: Filmes de Manoel de Oliveira são ‘ património cultural português’
Leonor Silveira: “Manoel de Oliveira desafiou o tempo”
Gabriela Canavilhas: “Todos os portugueses devem estar gratos a Manoel de Oliveira”
Valter Hugo Mãe sobre Manoel de Oliveira: ‘Um dia, desenhou-me um pássaro'