Contra as bactérias hospitalares

Vi com gosto que a Gulbenkian pretende promover cá um programa contra as bactérias resistentes hospitalares, que matam em Portugal muito mais gente do que no resto das Europa. E vi sem espanto que as primeiras medidas previstas são de ordem higiénica.

De facto, antigamente, quando os hospitais procediam à limpeza e desinfecção dos lugares onde tinham estado doentes com essas infecções, não havia bactérias hospitalares. Hoje, apesar de a população, à míngua de outros meios, correr para o hospital por dá cá aquela palha, a verdade é que se entra ali com uma simples gripe, ou pneumonia, e acaba por se morrer lá com alguma das ditas bactérias. Por outro lado, em certo tipo de cirurgias, é quase seguro apanhar a bactéria.

Segundo me dizem, estas bactérias surgiram quando, por motivos económicos, os hospitais passaram a poupar em higiene, encomendando muitas vezes esse trabalho a empresas de fora (as quais, por puras razões de rentabilidade, o reduzem ao mínimo insatisfatório). O curioso – gracinha dramática – é que os hospitais acabam a gastar muito mais no combate às bactérias, do que se promovessem uma higiene boa e cara.

E muito bem: não esqueço a inconsciência de muitos médicos, ao receitarem antibióticos desnecessários, no fortalecimento das bactérias invencíveis.