O populismo apocalíptico de Rui Rio

Marcelo Rebelo de Sousa e Santana Lopes já informaram que só definirão uma eventual candidatura presidencial em Outubro, após as eleições legislativas. E Passos Coelho já tornou claro que não só não quer misturar actos eleitorais como também que cabe aos potenciais interessados – e não aos partidos – decidir e lançar candidaturas a Belém.…

Marco António descobriu agora que “não se pode arrastar a decisão até tão tarde” e que “a regra seria abrir o dossiê presidenciais depois das legislativas, mas essa regra não é inflexível”. Até porque, alvitra, se houver “pessoas que decidem apresentar candidaturas, o cenário muda completamente”. É fácil perceber que o ex-autarca de Gaia do PSD quer abrir caminho a uma candidatura de Rui Rio. E, para isso, tem que forçar a nota: se candidatos como Marcelo ou Santana são tão conhecidos dos portugueses que quase dispensam a campanha presidencial, muitos outros há – como Henrique Neto ou Sampaio da Nóvoa ou Rui Rio – que precisavam de vários meses nas televisões, em cartazes, em comícios, em entrevistas e debates para ganharem alguma notoriedade e consistência política. 

Marco António sabe que Passos Coelho não morre de amores pelas eventuais candidaturas de Marcelo Rebelo de Sousa ou Santana Lopes e decidiu, por isso, atirar o barro de Rui Rio à parede, a ver se pega. Mas é uma jogada aparelhística arriscada. Porque forçaria o PSD a uma guerrilha e divisão internas de apoios a vários candidatos. E porque reduziria a candidatura presidencial a uma marioneta de um partido.

Por fim, mas não menos importante, a verdade é que Rui Rio não tem dimensão política para ser colocado em Belém. É uma figura de segunda linha, uma espécie nortenha de Fernando Gomes do PSD, sem um pensamento estruturado sobre o país. Estriba-se num populismo apocalíptico (o regime está bloqueado, os partidos não se regeneram, a democracia está em perigo), em ideias bolorentas como a regionalização ou num moralismo autoritário com assomos salazarentos.

Tudo pouco recomendável.

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