Hemeroteca de Lisboa reabre temporariamente em Maio

Encerrada ao público há cerca de um ano e meio, a Hemeroteca Municipal de Lisboa irá reabrir “provisoriamente, a partir de meados do mês Maio”, num edifício situado no bairro das Laranjeiras, na Rua Lúcio de Azevedo.

A informação foi confirmada ao SOL pela Câmara Municipal de Lisboa (CML). Segundo a vereadora da cultura, Catarina Vaz Pinto, “não há qualquer possibilidade de a Hemeroteca voltar a funcionar no Palácio dos Condes de Tomar”, no Bairro Alto, onde esteve durante 40 anos, por este ser propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa,  desde 2012.

Desde 7 de Outubro de 2013, data em que a Hemeroteca fechou as portas, que a sua colecção – constituída por 22 mil títulos de publicações periódicas, desde 1715 até à actualidade – não pode ser consultada presencialmente. O apoio aos utentes é prestado via telefone e e-mail por um serviço de referência especializado em publicações periódicas, que tem a função de orientar os utilizadores para alternativas onde possam consultar e solicitar a reprodução dos documentos de que necessitam.

Essas alternativas têm sido, ao longo deste ano e meio, o acervo disponível na Biblioteca Nacional de Lisboa bem como na Hemeroteca Digital (onde ainda não se encontra digitalizada toda a colecção da Hemeroteca), que conta com cerca de seis mil metros lineares de documentação. 

Segundo a autarquia, “estão digitalizados 251 títulos de publicações periódicas de consulta muito elevada e respectivas colecções (na ordem das dezenas de milhar de páginas de jornais e revistas em linha)”, privilegiando “os periódicos publicados pela CML, o fundo local (sobre Lisboa) e o fundo histórico”.

Professores 'desamparados'

“Sinto-me prejudicado nas minhas práticas pedagógicas”, disse ao SOL Daniel Cardoso, referindo-se às consequências do encerramento da Hemeroteca. Segundo este docente da área de comunicação e jornalismo da Universidade Lusófona, os seus “alunos têm mais dificuldade em fazer certos trabalhos de investigação”, pois a Biblioteca Nacional e o acervo digital não dispõem de tanta diversidade de documentos em comparação com a Hemeroteca.

O mesmo aconteceu com Marisa Torres, investigadora no Centro de Investigação Media e Jornalismo (CIMJ). “Já me confrontei com o facto de os meus alunos não conseguirem realizar trabalhos de análise de temas ou acontecimentos específicos mais antigos”, contou ao SOL. Apesar de reconhecer que e edifício da Hemeroteca estava “muito degradado”, considera que a falta do equipamento é “gravosa para investigadores e trabalho de análise de imprensa, onde existia tudo e de fácil acesso”. Agora, os documentos para consulta encontram-se “espalhados por Lisboa”.

A opinião é partilhada por Carla Baptista, também investigadora no CIMJ, que chegou a frequentar a Hemeroteca “diariamente”. “Não deixo de lamentar o arrastamento da situação e da falta de explicação mais assertiva sobre o que vai acontecer. A CML devia pensar na quantidade de investigadores desamparados pela falta do acervo”, frisou a especialista em história dos media.

Ainda sem espaço definitivo

Quando a Hemeroteca encerrou ao público, a Câmara prometeu que reabriria o equipamento em 2014, no Complexo Desportivo da Lapa – cuja propriedade transitou da Estamo (da holding estatal Parpública) para o município.

O SOL tentou apurar em que fase se encontra o projecto e qual a data prevista para a reabertura da Hemeroteca naquele espaço.  O  gabinete da vereadora Catarina Vaz Pinto adiantou apenas que “o projecto para a instalação da Hemeroteca no Complexo Desportivo da Lapa encontra-se em fase de estudo pela CML”. Sem resposta ficou também a pergunta sobre se este será o espaço que irá acolher definitivamente a Hemeroteca Municipal.

simoneta.vicente@sol.pt