Portugal é dos principais destinos do investimento chinês na Europa

Portugal tornou-se nos últimos anos um dos principais destinos do investimento chinês na Europa, logo a seguir ao Reino Unido, Alemanha e França, realçou hoje o embaixador português na China, Jorge Torres-Pereira.

"Neste momento, estamos a disputar o quarto lugar com a Itália, que é outra das grandes economias europeias", precisou o diplomata.

Segundo referiu, desde que a China Three Gorges comprou 21,3% da EDP, em 2012, o montante do investimento chinês em Portugal já ultrapassou os 10.000 milhões de euros.

Torres Pereira falava num encontro com jornalistas chineses destinado a "amplificar" a conferência realizada na quarta-feira em Lisboa com a presença do chefe do governo português, Pedro Passos Coelho, do vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, sob o tema "Invest in Portugal: right choice, right time",

O embaixador português em Pequim destacou também que mais de 80% das cerca de 3.500 autorizações de residência em Portugal concedidas até ao final de março no âmbito dos "vistos gold" foram atribuídas a cidadãos chineses.

"Portugal está no radar dos investidores chineses e são os investidores chineses que já conhecem Portugal que estão agora a transmitir a ideia de que o país é um destino interessante", afirmou Jorge Torres-Pereira.

Sobre a situação no país, o embaixador português insistiu que "Portugal está a entrar num novo ciclo de crescimento" e que a sua economia "é uma das mais competitivas" da Europa.

"Os tempos sombrios pertencem ao passado", disse. 

Na referida conferência, organizada pela Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), intervieram também os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Economia, Rui Machete e António Pires de Lima, respectivamente, e vários empresários estrangeiros.

Um dos empresários – referiu Torres-Pereira – foi Ling Jiang Xu, representante em Lisboa da Fosun, o consórcio chinês que já comprou a seguradora Fidelidade e a Luz-Saúde e é apontado como um dos candidatos à compra do Novo Banco.

Três embaixadores de Portugal – colocados na Alemanha, Brasil e China – participaram também na iniciativa através de vídeo-conferência.

"A China tornou-se uma prioridade para os nossos exportadores e as nossas instituições", afirmou o embaixador português em Pequim no encontro com a imprensa realizado hoje de manha (hora local) na sua residência.

Torres-Pereira considerou "excelentes" as relações politicas bilaterais, salientando que Portugal foi dos primeiros países europeus com quem a China estabeleceu um acordo de "parceria estratégica global", há dez anos.

No final do encontro, Torres-Pereira convidou os jornalistas a saborearem um pastel de natal, doce conhecido na China como "pu shi dan ta" (tarte de ovo de estilo português) e que segundo o diplomata, "Portugal quer realmente internacionalizar".

Além da China Three Gorges e do grupo Fosun, duas outras empresas chinesas, a China State Grid e a Beijing Entreprises  Water Group, compraram participações em companhias portuguesas.

Já no ano passado, uma filial da Haitiong Securities, empresas financeira com sede em Xangai, comprou o Banco Espírito Santo de Investimento (BESI) por 379 milhões de euros.

Segunda economia mundial, a seguir aos Estados Unidos da América, a China tem as maiores reservas cambiais do planeta, estimadas em cerca de 3,8 biliões de dólares. 

Lusa/SOL