Por isso a personagem principal do livro lançado ontem em Cascais é diferente das outras. “E por ser azul, sofre com essa diferença. É vítima de maus tratos e refugia-se num jardim escondido. É aí que conhece a sua melhor amiga: a Libelinha Aurora”, relata a jovem escritora que também é artista plástica e responsável pelas ilustrações da obra. É através desta amiga, e depois de enfrentar os seus medos e dificuldades, que a princesa vai descobrir onde está a verdadeira felicidade: “dentro de nós”.
Esta é uma história de amor que pretende ajudar pais e educadores a ensinar as crianças a lidar com a diferença. “Num mundo marcado pelos valores da beleza, dos likes nas redes sociais e das coisas superficiais, esta história vem lembrar que o verdadeiro tesouro está dentro de nós e ao alcance de todos”.
Para a autora, uma apaixonada pelas causas sociais, este livro é dirigido a “todos os que travam batalhas duras, a todos nós, crianças ou adultos. Pois, no fundo, todos nós somos ‘azuis’, ou já fomos, ou conhecemos alguém que o seja”. Este livro pretende ser um instrumento contra a discriminação, a nível pedagógico, mas também prático, pois 50% dos direitos de autor revertem para a Associação Pais 21, de apoio a familiares de crianças com trissomia 21.
Prefácio de Guterres e música de José Cid
A princesa Clara podia ser também um dos 50 milhões de refugiados que foram forçados a abandonar as suas casas para fugir à guerra. Por isso, a fábula da Princesa Azul tocou especialmente o coração de António Guterres, Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, que assina o prefácio da obra. “Quando olho para os 50 milhões de pessoas que no mundo de hoje tiveram de fugir das suas casas e das suas comunidades por causa da guerra e da violência, gostaria muito que os responsáveis pudessem ter lido a Princesa Azul e a Felicidade Escondida e aprendido a lição. O mundo seria bem melhor”, escreve Guterres. Outro prefácio é assinado pelo neuropediatra Nuno Lobo Antunes.
A apresentação da obra decorreu ontem na Casa das Histórias Paula Rego, em Cascais, pela mão de Marcelo Rebelo de Sousa. Para acompanhar a divulgação do livro, José Cid, Tozé Brito, Pedro Vaz e Salvador Seixas criaram também uma música, que em breve começará a tocar nas rádios.
Autora é uma apaixonada pelas causas sociais
Esta é a terceira obra da escritora e artista plástica. Aos 30 anos, Filipa Sáragga tem já uma vasta experiência na área do voluntariado e das causas sociais e todas as suas obras reforçam esta componente. É visitadora de doentes, crianças ou adultos, alguns em fase terminal, e colabora também com organizações de apoio a deficientes. “Sinto que devo usar a arte e criatividade a favor da humanidade”, confessa.
O seu primeiro livro “O toiro e a bailarina”, foi lançado em 2011, e reverteu para a Associação Jerónimo Usera. Em 2013, a pintora lançou “Talvez um anjo”, um livro que relata a história verídica de uma menina que morreu de cancro e que, diz Filipa, “veio ao mundo para nos ensinar a paz”.