Agressão a travesti no Brasil gera onda de solidariedade no Facebook

É uma das histórias que está a ser mais divulgada nas redes sociais. 

Charleston Alves Francisco, de 25 anos, é conhecido como Verônica Bolina. Este travesti afirma “ter sofrido várias agressões” por parte da polícia militar e de membros do Grupo de Operações Estratégicas (GOE).

Verônica foi presa no passado dia 10 por alegadamente ter tentado matar uma vizinha idosa. Dois dias depois, o travesti envolveu-se numa confusão com outros presos e foi acusada de arrancar a orelha de um guarda prisional à dentada, explica o site da Globo.

Terá sido no seguimento desta situação que Verônica foi brutalmente espancada e torturada. Segundo o mesmo site, o travesti admitiu ter mostrado os genitais aos companheiros de cela e ter começado a masturbar-se à frente dos mesmos, o que gerou uma revolta por parte dos restantes reclusos.

Durante a visita da Coordenadora de Políticas para a Diversidade Sexual do Estado de São Paulo, Heloisa Alves, foram feitas duas gravações nas quais se pode ouvir Verônica a dizer que não foi torturada e que os polícias não a agrediram, revelou Juliana Belloque, uma advogada que está a acompanhar o caso.

Estas gravações representam exactamente o oposta das fotografias do travesti divulgadas na Internet, nas quais Verônica surge com a cara desfigurada e o peito descoberto. Milhares de utilizadores ficaram indignados, criaram a hashtag #SomosTodasVerônica e uma página no Facebook com o mesmo nome, de forma a alertar para o caso desta brasileira.

“Verônica Bolino, torturada, humilhada e exposta pela Polícia Civil de São Paulo, a mesma que deveria proteger os seus direitos e a sua vida. Quando duas discriminações se chocam, como é o caso de Piu [travesti morta] e de Verônica, ambas transexuais e negras, esse grupo é colocado numa das mais vulneráveis situações da nossa pirâmide social!", escreveu na sua página oficial no Facebook Jean Wyllys, um deputado federal brasileiro que se juntou à causa.

joana.alves@sol.pt