França: Onda de indignação com o assassínio de menina

O rapto, violação e assassínio de uma menina de nove anos, no norte da França, despertou hoje uma onda de indignação. Uma das razões que está a ser mais debatida é o facto de o suspeito ser um deportado polaco recém-saído da prisão.

O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, assegurou em Paris que tudo será feito para se saber "a verdade sobre a rota do presumível autor do crime", proibido de entrar em França desde 2014, data em que foi entregue à polícia polaca.

Valls anunciou ainda que o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, está em contacto com o homólogo polaco para perceber como o suspeito pôde regressar a França.

A menina, Chloé, foi raptada a meio da tarde de quarta-feira em Calais, no norte de França, quando brincava com um amigo.

O corpo de Chloé, encontrado sem roupa duas horas depois numa floresta próxima de Calais, estava ao lado de um carro vermelho com matrícula da Polónia, que as testemunhas confirmaram ser o veículo utilizado no momento do rapto.

O suspeito, de 38 anos, foi preso pouco tempo depois de a menina ter sido encontrada, e interrogado durante a noite de quarta-feira, tendo "reconhecido imediatamente o seu envolvimento na morte da criança", informou o procurador responsável pelo caso, Jean-Pierre Valensi.

Na acusação consta que o cidadão polaco foi condenado duas vezes na França – em 2004, a quatro anos de prisão, e em 2010, a seis anos – por extorsão através da violência, roubo agravado e sequestro ou tentativa de sequestro.

Em 27 Março de 2014, as autoridades francesas entregaram o individuo às suas congéneres polacas, na sequência da emissão de um mandado de detenção europeu "por crimes de roubo cometidos em Varsóvia em 2002", disse o procurador.

O suspeito cumpriu na Polónia a pena a que tinha sido condenado pelos crimes cometidos em naquela cidade, tendo sido libertado recentemente.

A questão do seu regresso a França está a ser marcada pela contradição, com o ministro do Interior a dizer que estava interdito de entrar em território francês, por ter sido expulso para o seu país natal, a Polónia, enquanto o procurador Jean-Pierre Valensi considera que a ordem de expulsão não poderia ter sido aplicada, tendo em conta as infracções pelas quais fora condenado em França.

Em Calais, as bandeiras foram hoje hasteadas a meia haste em edifícios municipais e uma cerimónia de memória a Chloé está prevista para o final da tarde.

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Lusa/SOL