“É a primeira vez, após o 25 de Abril – ou seja, em 40 anos de democracia –, que o GOL tem uma obra completa e grande de filantropia”, confirma ao SOL o grão-mestre, Fernando Lima, explicando que a ideia é ter uma instituição que preste serviços não só aos maçons, como a todos os cidadãos, especialmente aos residentes em Lisboa.
Para isso, o GOL terá de negociar com o Estado, nomeadamente com os ministros da Saúde e da Segurança Social, para fazer acordos com os hospitais do Serviço Nacional de Saúde que para ali possam enviar doentes.
A liderar o projecto estão alguns médicos maçons que integram actualmente a direcção do Internato de São João, uma Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS), controlada pelo GOL. Entre eles, está o dirigente da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Mário Jorge das Neves, membro da Loja Salvador Allende.
“O projecto está a ser desenvolvido para se construir uma nova unidade em Lisboa, que tem uma grande carência deste tipo de assistência em cuidados continuados”, explica ao SOL Mário Jorge, adiantando que em muitos países, como o Brasil, é comum a maçonaria ter projectos sociais como este.
Neste momento, o projecto está em fase de conclusão, tendo já sido feitos vários estudos no local onde será construída a nova unidade, nomeadamente o levantamento topográfico.
Ao lado do futuro Hospital de Todos os Santos
Devido à localização, o novo projecto maçónico poderá ser valorizado com a construção do futuro Hospital de Lisboa Oriental, conhecido como Todos os Santos, previsto também para Marvila. Além disso, segundo Mário Jorge, o terreno em que o GOL quer erguer a estrutura de cuidados continuados tem limitações legais: “O que ali se construir tem de ter uma finalidade social”.
Para avançar com o projecto, o GOL terá, porém, de vender parte do seu património, nomeadamente imóveis que estão em estado de degradação.
Segundo o SOL apurou, a obediência possui, só na zona Grande Lisboa e através do Internato de São João, dez propriedades. Entre estas há seis prédios, nas zonas de Lapa, Pena, Praça da Figueira, Ajuda e Alcântara e também em Santa Marta, onde se situa, aliás, a sede da IPSS. A lista do património conta ainda com quatro terrenos: dois na capital, um na Parede e outro em Tercena.
Qualquer transacção implica, porém, autorização dos restantes maçons da obediência, que são todos associados do Internato de São João.
A ideia já foi transmitida aos membros das várias lojas maçónicas numa assembleias geral que decorreu no dia 30 de Março. Aqui ficou decidido que os ‘irmãos’ que dirigem o Internato de São João irão fazer, em breve, uma apresentação mais detalhada das estimativas orçamentais do projecto e o valor actualizado do património da obediência.
Neste momento, sabe o SOL, está a ser feita uma análise exaustiva do estado de conservação dos vários imóveis, dos custos das obras que terão de ser realizadas e o valor das rendas que será possível obter. Isto para decidir quais são as melhores propriedades para vender e encaixar as verbas necessárias à construção da nova unidade de saúde da maçonaria.